Nas beiras há uma forma de estar diferente! O apego enorme ao passado, muito típico das pessoas desta região, é próprio da sua cultura, uma cultura que privilegia a tradição de geração em geração. Aí conheci espaços, pessoas, usos e costumes únicos, perpetuados no tempo.
Há muito para falar sobre estas terras e estas gentes! Das memórias guardadas, seleciono a vila de Sernancelhe.
Sernancelhe
Cheguei àquela vila no princípio de uma noite (do inverno de 2011). Estava frio. O nevoeiro, para além de dificultar a condução (e a orientação), impediu-me de fazer o típico “reconhecimento à chegada”. Foi necessário esperar até à manhã seguinte para vislumbrar o ambiente à minha volta.
Voltas e reviravoltas, e eis a casa que me acolheria nos dias seguintes: a Casa D. Toninha (uma casa para turismo em espaço rural). Uma típica moradia de granito, como muitas por ali, renovada e com o conforto que se impõe. O quarto, muito acolhedor, climatizado (como convinha) aqueceu-me por dentro e por fora. Senti-me em casa! Aliás, a família Correia (os proprietários) não descura qualquer detalhe e recebe, na perfeição, clientes (e amigos). No amplo salão comum há lugar ao descanso e (frequentemente) a uma boa “tertúlia” na companhia da Tia Helena (quase sempre no papel de anfitriã). São histórias passadas (e presentes) que nos acolhem e fazem sentir em família.
Detalhe de Igreja, Sernancelhe
Na manhã seguinte, depois de um pequeno almoço fantástico, parto à descoberta da vila. O percurso (todo feito a pé) permitiu-me disfrutar de cada rua, de cada casa, com rigor e atenção. Sem pressas vou admirando os inúmeros testemunhos da arquitectura local e, em simultâneo, tentando perceber a dinâmica da vila e das suas gentes.
Aproveito os dias ao máximo e viajo pelas redondezas. Numa dessas saídas (à Serra da Lapa) uma edificação prende-me a atenção: o Santuário de Nª Sra. da Lapa. Local de peregrinação diária, emblemático, único. Recomendo.
"ouriços" com castanhas
Já voltei a Sernancelhe! Outros motivos, outras atrações.
No outono (por exemplo) a dinâmica é diferente! Os encantos são outros (não menos interessantes). Nesta época os castanheiros prendem-me a atenção. Gosto de ver estas árvores carregadas de frutos. Os “ouriços” com as castanhas fascinam-me como se de um brinquedo se tratasse e eu fosse a criança que almeja pegar-lhe.
E, como da primeira vez, exploro as redondezas. As escolhas são imensas. Aproveito e dou um “salto” até Vila Nova de Foz Côa para uma visita (há muito adiada) ao Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa. Magnífico espaço cultural. Vale a pena visitar e conhecer uma parte importante da história da nossa espécie… pelo caminho ainda há tempo para subir ao castelo (monumento nacional) e centro histórico de Penedono.
Castelo de Penedono
Vista parcial do museu de Foz Côa
Painel da exposição do museu de Foz Côa
Vista parcial do Vale do Côa a partir do museu