A planície e o montado enchem-se de flores para saudar a primavera: amarelo, branco, roxo. Na amálgama de espécies do coberto vegetal, as abelhas procuram o néctar vital e os répteis acordam da letargia de inverno. No céu azul, um milhafre, planando, quebra o silêncio dos campos. Ao longe, o branco caiado das casas salpica de luz o verde dos montes.
Cerro os olhos para apreciar melhor os odores da planície florida. Grata pela serenidade que o campo me proporciona, tenho a sensação que pairo no ar.
A sensação perdura enquanto percorro as ruelas da pequena vila - calma e tranquila, como o são outras vilas e cidades alentejanas. Aprecio os detalhes da arquitetura local: das igrejas, do castelo, do casario em geral. Retalhos da história de um povo, que nos transportam para outros tempos. Tempos de guerra e de paz, de desânimo e de esperança, de tristezas e de alegrias. Passado que só a arte e a cultura populares nos permitem revisitar. E nisso, o Alentejo é rico e profícuo.
Lições de cultura que a travessia dos campos alentejanos propicia. Talvez por isso, “viajar cá dentro” tornou-se viciante. Hoje, mais do que nunca, o Alentejo é o meu vício.
Porque há uma luz especial por terras alentejanas: uma luz que brilha ainda mais na planície e a torna mágica. Magia que envolve e faz sonhar. Puro prazer, em que a alma renasce e o corpo descansa. Momentos inesquecíveis, que me permitem “beber um café comigo mesma”.
Nota: fotos tiradas na regiao de Évora (Alandroal e Redondo).