Esta foi uma viagem mil vez adiada. Aconteceu no momento certo e na hora certa. Seriam necessárias mais algumas para conhecer melhor o país dos lagos e dos castelos (como lhe chamo), a Escócia. Também a descrição (aqui e desta forma) do que vi e vivi é muito redutora. Traduzir paisagens magníficas, locais idílicos, castelos históricos e lagos fantásticos por simples palavras não é fácil. De igual modo, descrever emoções e sensações é um ato complexo e exigente. São estas as razões que me levaram a resumir a minha aventura por terras escocesas num ou outro episódio mais marcante.
Opto pelo percurso Glasgow-Inverness. Na primeira, uma das cidades mais populosas da Escócia, permaneci pouco tempo. Aproveitei a estadia para fazer um reconhecimento muito genérico e sentir a cidade. Acabei nos cenários do filme: World Star Z (o qual acabei por ver em DVD neste inverno). Por sinal nada de especial (na minha modesta opinião). A segunda, a cidade destino (Inverness), é considerada por muitos uma das principais cidades das Highlands, as “terras altas da Escócia”, devido ao elevado nível de qualidade de vida.
Glasgow (detalhes da cidade)
O percurso entre as duas cidades (com estadia em Inveraray e Fort William) durou três dias e duas noites. A distância, que varia em função do percurso selecionado, é de, aproximadamente, trezentos quilómetros. Viajar de carro (alugado no caso) foi uma boa opção pois permitiu paragens nos locais de maior interesse. A travessia, sempre nos vales, é verdadeiramente mágica. A primeira paragem, no lago Lomond e no Trossachs National Park, deixou-me imediatamente rendida à paisagem. Verde e azul são as cores dominantes. De vez em quando um castelo (quase sempre medieval) marca posição nos vales extensos e confere-lhes um cunho humanizado. As paisagens verdejantes, salpicadas de rebanhos e a enorme diversidade de lagos e florestas que se encontram dispersos pela região são a nota mais marcante do ambiente natural daquele país. Recordo-me (em especial) de um almoço num restaurante (à beira da estrada), junto a um lago com uma envolvente lindíssima, que me soube divinalmente. Tudo estava perfeito. O ambiente, a comida e o espírito de férias. Momentos que não se esquecem. Jamais.
Lago Lomond (foto acima e abaixo)
Entre Luss e Inveraray
Entre Inveraray e Fort William
Cheguei a Fort William (uma pequena cidade do litoral), sensivelmente, às quinze horas do dia 25 de agosto de 2011. Para trás ficaram lagos, montanhas, castelos e parques naturais magníficos. Depois de selecionado o alojamento, o Bed&Breakfast Constantia (muito acolhedor) dirigi-me, de imediato, para o centro da cidade. Sempre o centro (como habitualmente faço). Por ali, numa esplanada solarenga, beberiquei um chá (verde) e comi um scone muito “scotch”. Apesar do mês em questão, a temperatura era relativamente baixa para a época. Esqueci-me, totalmente, que as temperaturas na Escócia eram outras, para além de esquecer o itinerário já determinado: as Highlands. Precisamente o norte do país, onde as temperaturas descem ainda mais. Embora com sol preguiçoso a tarde tinha um brilho que convidava ao relaxamento e ao recolhimento interior. Foi o que fiz naquela esplanada aconchegada no meu corta-vento. Enquanto isso fui observando em redor e desvendando segredos. Respirei pacatez. Os espaços (todos) irradiavam paz e descanso. Um local sereno para umas férias tranquilas.
O resto da tarde foi destinado à descoberta de pontos de interesse na cidade e arredores. Entre eles o Castelo de Inverlochy. Um castelo medieval (século XIII) que embora em ruinas constitui atração turística junto à cidade na margem do rio Lochy. No final da tarde, ainda houve lugar a uma exposição de gemas e minerais num museu junto ao rio. Seguiu-se a habitual caminhada junto aos canais do rio. A noite terminou num restaurante italiano a comer uma pizza num ambiente bonito e descontraído.
Fort William
No dia seguinte, parti em direção a Inverness, passando por Fort Augustus. Grande parte do percurso foi ao longo de Loch Ness (o lago Ness). Sim, esse mesmo, o do famoso monstro. Uma breve visita ao centro de interpretação e documentação (por sinal nada de especial), ajudou a conhecer um pouco mais as várias teorias, lendas e mitos do enigmático “habitante” do lago. A viagem prosseguiu com paragem no Urquhart Castle, um castelo medieval, localizado num promontório do referido lago. Local interessante (mas muito frequentado por turistas) onde houve lugar a uma pausa para café.
Urquhart Castle (foto superior)
Lago Ness (visto a partir de Urquhart Castle)
A entrada na cidade de Inverness com muita chuva à mistura tornou o ambiente menos acolhedor à chegada. A rota mal calculada deu lugar a um percurso mais longo. Confesso que estava a ficar um bocado desiludida com o aspeto da cidade. Tudo por culpa da zona onde fui parar até acertar, finalmente, com a rua que haveria de me conduzir até ao alojamento. À priori o ambiente não me agradou particularmente. Talvez o cinzento do final do dia e a noite fria tenham contribuído para algum desconforto pessoal. À noite, enquanto caminhava, entre o restaurante e o alojamento, não encontrei ninguém. A partir das seis da tarde a cidade quase que hiberna. Pelo menos na zona próxima do centro histórico (onde fiquei). É raro ver pessoas nas ruas a partir do entardecer. Talvez por isso imaginei cenários fantasmagóricos e… senti algum receio. Chamei-lhe cidade fantasma. Opiniões. Valem o que valem.
Castelo de Inverness
Ciade de Inverness (vista a partir castelo)
A noite, muito tranquila, num Bed&Breakfast muito confortável, serviu para relaxar e ganhar energia suficiente para continuar a explorar as Highlands, agora via Caimgorms National Park, Pitlochry e Perth até Edimburgo.
Caimgorms National Park
Blair Castle (foto superior e inferior)
E foi para sul que a viagem continuou...