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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

No trilho da mina (de S. Domingos)

 O caminho cor de ferrugem denuncia a proximidade ao “chapéu de ferro”. No ar, o cheiro acre dos óxidos não deixa margem para dúvida: estamos na antiga corta da mina de S. Domingos. Um local emblemático, onde a alma mineira se encontra preservada.

 Folheio o livro das memórias, enquanto caminho sobre as escórias, espalhadas pelo chão, junto aos velhos armazéns da fundição: em todas as páginas, já gastas pelo tempo, destaca-se a vida dos mineiros e de todos aqueles que fizeram da Mina de S. Domingos, o centro de vida social mais ativo do concelho de Mértola - na primeira metade do século XX. Em cada ruína, o som do martelo e o suor dos mineiros permanecem imutáveis, como se o tempo tivesse parado ali.

 Nos anos sessenta, terminada a exploração mineira, teve início um período de abandono e degradação ambiental, que se manteria até (quase) aos nossos dias. Felizmente, e graças ao programa de recuperação ambiental da mina,  S. Domingos é hoje uma referência no turismo nacional: a praia fluvial; a zona circundante da “corta” - um sítio de interesse geológico; a estalagem S. Domingos - uma unidade hoteleira de alta qualidade, entre outros pontos de interesse histórico, arqueológico e cultural, fazem destas paragens o local ideal para descansar, longe do bulício das cidades.

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Numa casa de campo (entre o mar e a serra)

 Pouco passava da uma da tarde, quando entrei no portão principal da Espargosa - Monte de Baixo -, uma casa de campo, ainda não inscrita no Booking, junto a Castro Marim. Depois do habitual check in, com direito a escolher o quarto (dado o ainda reduzido número de hóspedes), uma volta de reconhecimento geral, sempre na companhia da “Borboleta”, a mascote da casa – uma rafeira simpática e atrevida.

 No espaço envolvente, um conjunto de esculturas surrealistas – da autoria do proprietário -, transmitem um certo misticismo ao local. Tento interpretar (e perceber) a carga simbólica de algumas peças, mas desisto. Os detalhes do quarto e dos espaços sociais da casa são agora objeto da minha atenção. Nada de luxos; funcionalidade e conforto são o lema dominante - apesar do ar “arrojado” de algumas peças decorativas.

 A unidade de turismo em causa está situada em plena reserva do Sapal de Castro Marim - a poucos quilómetros de distância do litoral do sotavento algarvio. Esta valência permite, facilmente, associar os prazeres do campo e da praia. Um espaço ideal para descansar, tendo em atenção a tranquilidade que ali se vive e as características naturais circundantes.

 Depois da tarde passada na praia mais próxima - praia do Cabeço -, um passeio pelos canais junto às salinas, ao entardecer, para ver chegar os flamingos. Um cenário fantástico para quem gosta de Birdwatching. Além disso, no final do dia, toda a comunidade biótica se agita e ganha ritmo: uma verdadeira melodia que nos embala.

 Enquanto percorro um dos trilhos sugeridos, vou observando e registando momentos únicos. Cheira a maresia e a sal. No horizonte, escondem-se os últimos raios de sol e a noite aproxima-se. Nos canais, de vez em quando, um ruído na vegetação anuncia a presença de Vida no sapal…

 Em seguida, o jantar na sempre mágica Cacela Velha - no restaurante Casa Velha -, para degustar umas ostras deliciosas, entre outros acepipes, que a equipa do Sr. Joaquim tão bem sabe servir.

 No regresso a “casa”, uma paragem na eira, junto à entrada, permitiu observar as estrelas e viajar por galáxias longínquas… Uma forma descontraída e simples, de terminar a noite, ao som dos ruídos do sapal.

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(Manhã) na "baixa" de Coimbra...

 

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“Arrufadas de Coimbra!”; “Broas de milho!”; “Olha as flores!”; “Há carvão!”.

 Foi assim, ao som dos pregões de antigamente, que, na manhã do dia 2 de maio, dei início a um passeio na zona da “baixa” da cidade do Mondego. Repentinamente, as ruas encheram-se de gente para ver passar o desfile etnográfico da Festa das Flores. Nas bancas, dispersas pela avenida, vendiam-se produtos tradicionais: hortaliças, frutas, ervas aromáticas, pão e bolos conventuais. Nada faltou, para recriar o ambiente e a dinâmica do passado.

 Procurei no café Nicola, o refúgio para escapar daquele bulício. Sentada na esplanada, fiz várias tentativas para ler o jornal. Missão impossível! O barulho da música e dos pregões não me deixou sossegar. Desisti e decidi acompanhar o desfile, vivenciando, em pleno, a festa de rua.

 Calma e descontraidamente, fui andando ao ritmo dos tambores (e chocalhos) do “Pifaradas” (?) - o grupo musical original, que animou o desfile.

 No decurso da caminhada, comprei umas broas de abóbora e nozes, deliciosas, que aguçaram, de imediato, o apetite. Uns passos mais à frente, junto ao “largo da portagem”, a livraria Bertrand acolheu-me. Ali me detive, durante cerca de uma hora, folheando as últimas novidades literárias. No final, mais uma “loucura” cometida: dois livros e um diário de leitura, adquiridos. Refiro loucura porque posso requisitá-los numa qualquer biblioteca (das quais sou leitora associada), poupando, assim, algumas dezenas de euros. Poder, podia! Mas “não era a mesma coisa”. Estes, agora, são meus; posso manuseá-los à vontade: sublinhar aqui e acolá, e usufruir, em pleno, do prazer que os livros que me dão.

 Saí da livraria (quase à hora do fecho) satisfeita com a compra e o tempo disponível para o efeito. Fazia tempo que não me sentia dona do Tempo! Dali até ao lado de lá do rio, a caminhada fez-se calmamente. Minutos depois, estou em pleno “mercado das velharias” - um evento mensal, que atrai centenas de pessoas.

 Capto algumas imagens e prossigo “viagem"... 

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Festival Islâmico – “as mil e uma noites de Mértola”

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(Ainda me lembro da primeira edição do “Festival Islâmico” de Mértola! Decorria o mês de maio, do ano 2001).

 Os dias quentes (quase tórridos, já) desnudam os corpos da roupagem de inverno e convidam a sair de casa. Nas ruas, estreitas, da “vila velha”, os panos dos toldos (e tendas) dos marroquinos pintalgam de cor as ruelas alvas. No ar, o cheiro agridoce aguça o apetite! Na banca dos frutos secos e das especiarias, os aromas entrelaçam-se numa alquimia exótica que desperta os sentidos. Apetece provar (e comprar) tudo, ou não fosse o percurso pelas bancas do souk, para além de outras, uma das formas de vivenciar o verdadeiro espírito do festival.

 O som da chamada para a oração, traz de volta viagens do passado e aproxima os crentes (e não só) da “mesquita improvisada”.

 Há alegria e agitação constantes. Centenas de pessoas calcorreiam a “medina” num sobe e desce contínuo; enquanto isso, vão trocando sorrisos fáceis e breves, procurando aproximar-se. É esta comunhão, que suscita nas gentes um estado de alma diferente, que acontece durante os dias em que decorre o festival.

 No palco improvisado da praça mais antiga da vila, um grupo musical faz as delícias de quem passa: a música, com ritmo, atravessa gerações. Ninguém fica indiferente aos ritmos “afro-latinos” que entoam na velha praça do município. No muro contíguo, o público amontoa-se para ver de perto os músicos alternativos. Mais a frente, num dos “bares temporários” que pululam pela vila, bebem-se cocktails (re)inventados… A lua, lá no alto, agita os corações mais românticos. Há romance no ar!

 Noutro beco mais adiante, um grupo de bailarinas dança ao ritmo da música; enquanto isso, o tilintar dos adornos dos véus, esvoaçantes, acompanha o movimento ondulatório dos corpos, bem ao jeito da “dança do ventre”. Um quadro mágico, num ambiente das “mil e uma noites”.

 Uma vila que não dorme, mas sonha, nos dias do festival que já se tornou evento nacional.

 Atreva-se a sonhar nos próximos dias: 21, 22, 23 e 24 de maio de 2015.

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Convívios de outrora… (e de hoje)

 Outrora, quando a família se reunia para almoçar ou jantar – em dias de festa, ou não -, havia convívio, na verdadeira aceção da palavra. Um convívio salutar, durante o qual as conversas fluíam umas após outras. Quase sempre, os mais divertidos, contavam anedotas (ou outras piadas) que faziam rir, saudavelmente. A alegria e a boa disposição dominavam as reuniões familiares, não só nos dias festivos mas, também, no dia-a-dia. Às vezes a noite prolongava-se em torno de conversas sobre acontecimentos passados, referentes à família e/ou amigos, com episódios mais ou menos rocambolescos. Uma espécie de revisitação ao passado, para animar as hostes.

 Hoje, as conversas giram – quase sempre, em torno dos problemas da vida e do país. Ou, em casos extremos, nem há lugar a grandes diálogos. Cada um refugia-se no seu canto e faz o que lhe apetece sem dar azo a grandes conversas. Os serões em família já quase não existem. Ou, se existem, são convívios “virtuais”, quase sempre associados aos Media: a ver um filme, a jogar numa PlayStation qualquer, a ver desenhos animados com as crianças, para as adormecer e, assim, ficar mais rapidamente livre para as incursões, habituais, nas “redes sociais”.

 Quando era miúda, a minha avó entretinha os netos a contar histórias (muitas vezes inventadas, por ela) com finais felizes, de cariz pedagógico, das quais se depreendia algo de útil para a vida: histórias com animais amigos, menina(o)s bondosa(o)s e solidária(o)s, pais e avós pacientes, campos verdejantes e floridos, cidades despoluídas, pássaros felizes… relatos de um mundo sem vícios, nem desvirtudes.

Pequeno-almoço de hotel

 Quem não gosta? São poucos, suponho, aqueles que não apreciam um bom pequeno-almoço num hotel. O facto em si, significa férias ou uma saída do espaço habitual do quotidiano. E se o mesmo acontecer num ambiente totalmente novo, requintado, com variedade de alimentos e em boa companhia, então diria: é “ouro sobre azul!”

 Pessoalmente, não prescindo da primeira refeição do dia. Aliás, sou incapaz de sair de casa sem comer. Sem dar conta, ao longo da vida, cumpri, escrupulosamente, com uma das regras básicas da alimentação equilibrada: não jejuar durante muitas horas.

 De todas as refeições, esta, é, sem dúvida, aquela que maior prazer me proporciona. É, também, um dos aspetos que não descuro numa viagem. Sempre que o faço dedico especial atenção aos detalhes do hotel a selecionar: localização, descrição dos espaços, comentários dos clientes e se inclui (ou não) pequeno-almoço e de que tipo (buffet continental ou buffet variado). Prefiro, sem dúvida, um pequeno-almoço com variedades de pão (e de queijo), cereais, iogurtes, frutas e sumos naturais.

 Nesse género de pequeno-almoço, por norma, há maior variedade de alimentos à disposição e isso permite selecionar de acordo com as nossas preferências e hábitos alimentares; por outro lado, comendo bem pela manhã, quer em quantidade, quer em variedade, terei mais energia, para enfrentar as longas caminhadas “à descoberta”, dado que estarei, em princípio, de férias ou numa escapadinha de fim-de-semana.

 Além disso, nada como uma mesa repleta de coisas boas (e saudáveis) - se possível com uma magnífica paisagem, como pano de fundo - para começar bem o dia.

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 Peqeno-almoço no Vilafoia hotel (Monchique)

O (des)acordo ortográfico

 Nem sempre a imaginação (e a criatividade) estão do nosso lado! Logo hoje – Dia Internacional da Língua Portuguesa -, dia que me apetecia comemorar, com um texto mais apelativo e envolvente. Ainda assim, aventuro-me no mundo das letras e deambulo por esta língua românica, com origem no latim.

 Atualmente, o Português é língua oficial em nove países e conta com um total de 273 milhões de falantes. Embora disseminada pelos “quatro cantos do mundo”, a Língua Portuguesa está “em crise”.

 Desde o século XVIII (início do Português Moderno) até à atualidade, as profundas alterações/inovações tecnológicas fizeram avançar o conhecimento científico e repercutiram-se, também, na nossa Língua. Daí a forte influência, no Português, das várias culturas europeias, nomeadamente, o enriquecimento “com empréstimos do Francês (táxi, chofer, hotel, boné), do Italiano (piano, sonata), ou do Inglês (líder, pudim, repórter, stresse), não deixando, embora, de continuar a recorrer ao Grego e ao Latim (automóvel, televisão, vídeo)[1].”

 Depois de várias reformas ortográficas (em 1911, 1945 e 1971) eis-nos confrontados com as regras (e as dúvidas) do “novo acordo ortográfico de 1986”. Sim, porque isto de “novas regras é sempre de temer. Cometer “erros ortográficos” deixou de ser apanágio dos menos letrados para fazer parte da existência de todos nós, habituados, há décadas, a escrever de acordo com determinados preceitos linguísticos. Agora, com frequência, ouvimos dizer: “escreve-se com hífen ou sem hífen?”, “com c antes do t, ou sem c?”

 Felizmente, os computadores estão “em alerta” constante, através dos chamados conversores do acordo ortográfico, para corrigir, automaticamente, os erros que (ainda) vamos cometendo. Caso contrário, estaríamos a dar erros imperdoáveis a qualquer letrado - o que é lamentável. Queiramos ou não, concordemos ou não, a entrada em vigor do novo acordo está aí e como se diz na gíria jurídica: “ninguém pode alegar o desconhecimento da lei”.

 

Nota: embora escreva em concordância com o "Novo Acordo Ortográfico", discordo de algumas alterações introduzidas. Como disse um escritor conhecido: “hipotecaram a Língua Portuguesa”. E nós deixámos! Digo eu.

 

 

[1] Cardeira, E. (2006). O Essencial sobre a Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho.

Desabafos de uma viajante (de autocarro)

 

  1. Cumprir horários num dia feriado (um verdadeiro massacre, para quem almeja por um dia livre de obrigações/deveres!);
  2. Suportar o cheiro a “patchouli”, do viajante no banco ao lado (um enjoo!);
  3. Parar em todos os apeadeiros e mais alguns (que paciência!);
  4. Respirar o ar poluído nos terminais rodoviários (uma tortura, para quem adora ar puro!);
  5. Ficar faminta e não poder parar para comer algo (uma “fome dos diabos”!);
  6. Aturar o ladrar de um “cãozinho de dama”, no terminal, que não parou de “atiçar” o cãozarrão do lado (insuportável!);
  7. Ouvir a gritaria de uma senhora, ao telemóvel, a explicar a sua primeira visita à capital (enervante!)
  8. Arrumar a bagagem de mão, num espaço exíguo (uma manobra difícil!)
  9. Comer uma sandes desenxabida na “barraquinha da esquina” porque o único bar do terminal tem uma fila sem fim (um atentado à saúde!);
  10. Ficar com os braços doridos, de puxar o trolley pesadíssimo (uma prova de esforço!);
  11. Querer ler e não conseguir passar da primeira linha porque alguém, no banco de trás, resolveu amachucar uma garrafa de plástico vazia, como se de uma bola anti stresse se tratasse (irritante e desconcertante, depois de seis horas em viagem!);
  12. Resolver fazer “meditação” para relaxar do stresse já instalado… (tarefa inglória!).

 

Como se não bastasse, a memória resolveu fazer das dela e assolar-me o espírito com “nostalgias” de outrora… uma odisseia! A não repetir nos tempos mais próximos.

 

Feliz "Dia da Mãe"

 “Com três letrinhas apenas, se escreve a palavra Mãe. É das palavras pequenas, a maior que o mundo tem.” Assim escrevi num postal, alusivo ao "Dia da Mãe", quando tinha nove anos, e que a minha mãe guardou, religiosamente, até hoje.

Quase sempre, as Mães guardam essas "lembranças" dos filhos - como se, de relíquias se tratasse; verdadeiros testemunhos de um amor incondicional, guardados na memória do tempo.

Seja como for, com ou sem postais, o amor inerente à relação Mãe-Filho nunca terá similitude; nada supera e nada se compara à condição de Mãe. Esse estado de graça, de carregar no ventre um ser vivo, é único e inconfundível. Ser Mãe é uma bênção! Abençoadas sejam todas as Mães.

Feliz dia para todas! As presentes, as futuras (e as ausentes).