(Sobre) Viver na cidade
Nasci no campo, vivi na cidade, voltei ao campo, regressei à cidade. Mundos opostos, vivências díspares. Em todas vivi experiências únicas e irrepetíveis; situações com prós e contras.
Preciso daquilo que a cidade me oferece de melhor: arte e cultura, diversão e ocupação plena do tempo livre. Não prescindo, todavia, do ar puro do campo, do silêncio da natureza e do bucolismo da paisagem. Mundos distintos, que me completam!
Na cidade, a indiferença e o individualismo - e com ele a solidão social - corroem. Sem darmos conta, o nosso mundo fecha-se aos afetos alheios… é um mundo onde só entra quem nós quisermos.
No campo, em plena natureza, respiro prazer e sonhos… sinto-me enraizar! Ganho ânimo e encontro-me comigo mesma porque o amanhã não conta, e o passado torna-se útil na gestão que faço do presente.
Embora com as devidas diferenças, tento encontrar na cidade, espaços que proporcionem bem-estar e alguma proximidade à natureza: esplanadas de qualidade, se possível com vegetação e sol. Caso o verde não esteja presente, procuro no azul do rio (ou do mar) a paz e tranquilidade necessárias à escrita e à leitura ou, unicamente, ao dolce far niente. Quando o tempo não o permite, é numa biblioteca ou numa sala de leitura que recarrego baterias para enfrentar o bulício solitário da cidade.
No entanto, quer esteja na cidade, quer mergulhe nos prazeres que o campo oferece, importa quebrar o silêncio… porque, às vezes, o silêncio (também) cansa.