Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Beja, capital?

Na rua deserta já se respira o ar "quente" da planície; as paredes brancas ofuscam-me o olhar. No centro da cidade, meia dúzia de transeuntes entram e saem das (poucas) lojas que resistiram à recessão. Uma cidade triste, sem energia e sem dinâmica de vida, sem sonhos...
A alma da cidade está moribunda: onde andam as gentes que outrora se juntavam na meia-laranja e que sorriam genuinamente?
Vejo no rosto de quem passa a apatia que reina: falta de alegria, ausência de ambição, descrédito no futuro.

Será possível inverter a situação? Talvez. Antes de tudo, devolvendo à cidade a massa crítica capaz de dinamizar o tecido empresarial e social. Tarefa difícil? Sim, mas não impossível.

 

 

 

 

 

Encontro vs Saudade

Saudade, do latim "solitatem" (solidão), talvez a palavra mais usada pelos poetas (e não só). Saudades de alguém, saudades de momentos, saudades de uma vida...
Saudade é emoção, sentimento, comoção. Foi isso que senti, quando reencontrei (hoje) um grande amigo do meu pai. De repente o tempo voltou atrás e as histórias de uma vida foram lembradas com paixão, mas envoltas em melancolia. Por momentos, o passado tomou conta do presente. Entre lágrimas e sorrisos, recordaram-se os espaços e aqueles que os habitaram. Episódios de outrora, tempos de outro Tempo. Um misto de sensações que nos embriagou a alma. Apesar da tristeza subjacente, a magia das palavras soube tecer enredos que me prenderam a atenção, convertendo o momento num encontro especial e inesquecível. 

Obrigada Amigo M.J.C.

Primavera da memória

Durmo ao relento,

No leito da recordação.

Sob o olhar da lua,

Sinto as caricias do vento no rosto da solidão.

 

Procuro nas folhas caídas,

Alento para a caminhada...

Sigo iluminando o trilho sombrio,

Relembrando momentos em cada encruzilhada.

 

Na penumbra dos dias,

Vislumbro um sorriso.

A tua presença pintalga de azul o céu,

E inunda de flores o piso.

 

Vive em mim e terei as flores todas do caminho...

Desatentos e Egocêntricos

Um sintoma vulgar nos nossos dias: "falta de atenção". A diversidade de estímulos é tão grande que o nosso cérebro se dispersa. A quantidade de informação/dados para descodificar aumentou, vertiginosamente, nos últimos vinte anos, tornando-nos mais desconcentrados e desatentos. O ritmo acelerado da vida em sociedade não deixa tempo para (re)pensar emoções e sentimentos. Tudo gira em torno da profissão e/ou da satisfação do ego, na sua versão mais "fútil". No frenesim dos dias vamos assistindo (e contribuindo) para o declínio de valores morais e éticos - muitos dos quais constituem (ou constituíram) verdadeiros pilares da sociedade e da família. Está na hora de reflectirmos sobre o que desejamos par os nossos netos. Que sociedade queremos que herdem? Uma sociedade em que o materialismo se sobrepõe à filosofia dos valores? Uma sociedade de egoísmo e hipocrisia, ou uma sociedade de compaixão e ajuda ao próximo? Cabe a cada um de nós combater as "infeções sociais" que dominam a nossa vida, disseminando a paz e o respeito pelos outros.

Desapego...

Para alguns "minimalismo", para outros "simplicidade". Eu gosto de lhe chamar desapego. Quando penso na quantidade de "tralha" que fui juntando ao longo da vida, e à qual não dou qualquer uso, tenho vontade de "destralhar". Reciclar, dar, vender, deitar fora o que está a mais. Se uso há semanas a mesma mala (e me sinto bem) porque hei-de ter meia dúzia delas? Se os sapatos A me fazem sentir confortável porque vou comprar os sapatos B? Minimizar, simplificar, adquirir apenas o essencial. Há algum tempo que esta "filosofia de vida" me anda a fascinar. Dou por mim a pensar se esta enorme vontade de mudar (alguns hábitos) é fruto da idade ou reflexo do meu crescimento interior? Talvez a causa resida nos dois: uma conjugação, que reflete novas prioridades. Para quê e porquê tantas "tralhas", se Ser Felz exige tão pouco? Um simples passeio no meio da natureza pode ser o bastante para concluir: simplicidade e liberdade são, afinal, sinónimos de felicidade.