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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Pôr-do-sol no Alentejo

Teria (julgo) os meus doze anos, quando escrevinhar sobre emoções e sentimentos se tornou um hábito: numa espécie de diário, registava palavras soltas sobre os pensamentos mais íntimos. Desde essa altura, que me lembro do efeito benéfico do pôr-do-sol, no meu estado de espírito. Ainda hoje, essa influência perdura: adoro a luz dos amantes e dos encontros românticos; a luz da fantasia da primavera da vida; a luz dos sonhos efémeros; a luz da tranquilidade dos campos, à tarde, no Alentejo. Adoro o pôr-do-sol.

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O pequeno cavaleiro

Às vezes, a saudade faz visitas (in)esperadas, trazendo consigo recordações de pessoas e/ou momentos. Foi o que aconteceu, há dias, enquanto explorava os álbuns de fotografias do meu telemóvel. Ali estava o registo do pequeno cavaleiro, a aguardar a montada. Como o tempo passou, pensei. E num ápice o tempo recuou, e a memória reavivou momentos inesquecíveis, do verão de 2013. O Salvador tinha quatro meses, quando os passeios, do final da tarde, culminavam com a visita aos cavalos: ao colo, mas sempre de olho bem atento, o pequeno esbracejava e sorria feliz ao ver dar bolachas (ou alfarrobas) a um dos animais. Era uma alegria. O irmão (mais velho) divertia-se, igualmente, mas aquele rejubilar do olhar não tinha comparação. O tempo passou, e a paixão pelos animais foi crescendo com ele. Finalmente, no Natal passado, vestiu-se a rigor e montou a cavalo pela primeira vez. A felicidade estampada no seu rosto fez-me acreditar que muito daquilo que somos é aprendido, ensinado, estimulado, motivado. A prova disso: a paixão que o meu neto tem pelo mundo animal e por tudo aquilo que ao mesmo diz respeito. 

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Em Alte

Gosto do Algarve "desconhecido", mais natural, e ainda meio "selvagem", onde a massificação turística vai chegando lentamente: o barrocal - a região localizada entre a serra algarvia e o mar, onde encontro vales verdejantes, que intersectam uma paisagem rica em história geológica, comida regional - com toque de modernidade (e às vezes crativa) -, e um modo de vida ao ritmo das aldeias.
Em Alte (aldeia do concelho de Loulé), vive-se o verdadeiro espírito do barrocal. A paisagem envolvente e os recursos naturais permitem ao visitante desfrutar de uma estadia descontraída; destaco as fontes de Alte - sobretudo a "Queda do Vigário" -, locais paradisíacos, onde se pode fazer um piquenique, para além de se poder dar um mergulho nas águas frescas e límpidas.
Obviamente que a minha visão é diferente, daquela de quem ali vive diariamente. Completamente de acordo. Ainda assim, morar nas aldeias do barrocal algarvio é viver de forma saudável, longe do bulício e da poluição dos grandes centros urbanos. Ali respira-se paz e sossego, ar puro e tempo, mais tempo, para o que é realmente importante: estar connosco mesmos.

Nota: aconselho a visita nos meses de menor afluência turística (abril e maio ou outubro e novembro). 

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À noite na "vila velha"

O fascínio pelos ambientes ligados ao passado - ambientes "antigos", leva-me a procurar nos centros históricos, um pouco mais do conhecimento local; é aí que encontro a essência dos lugarese e a alma das gentes. A "vila museu" não foge à regra: adoro caminhar pela "vila velha", sobretudo à noite. A dupla mágica - luz fosca e silêncio -, confere às ruas, e ao casario, a magia de um cenário romântico. Um quadro místico, inspirado nos fiéis guardiões de sempre: o castelo e o rio. Uma forte atração, que me guiou neste passeio noturno, pelas ruelas da antiga Myrtilis. Podia ter começado na porta da ribeira, a descer a rua do relógio, ou até a subir a rua da igreja... Sem destino marcado, nem percurso traçado, fui andando por ali, subindo e descendo as ruas empedradas; tudo ao sabor do momento.

Chego à casa "cor de rosa" e foco o olhar naquela que foi residência e consultório do meu médico de família na infância. E como expectava bastaram alguns instantes para rever episódios marcantes, desse tempo.... Continuo o périplo, descendo a travessa do Espírito Santo; viro à esquerda para a rua D. Sancho II (antiga rua cega). Algum abandono patente nas casa devolutas, mas nem por isso a memória apagou momentos divertidos de um carnaval de outros tempos. Desemboco na praça do município e ali sinto o pulsar da história política, social e cultural do vila. Dou mais uns passos e ei-la: a magnífica torre do relógio; a minha musa inspiradora, de uma noite mágica com laivos de melancolia. Porque acreditar faz parte, continuo a caminhar na esperança de transmutar momentos menos bons, no mais belo dos sorrisos.

 

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No hotel D'Alcoutim

Cheguei, num daqueles dias de inverno em que só apetece "estar em casa", no quentinho, a ler, a ver um filme, a fazer zapping. O dia estava frio, mas o sol dava um brilho especial ao ambiente, tornando tudo ainda mais bonito, e acolhedor, no hotel D' Alcoutim: uma janela virada ao rio Guadiana; um espaço de bom gosto, onde os clientes são recebidos com profissionalismo, e muita simpatia, pelos anfitriões Marta Simões e Luís Palma. Os espaços, para além de confortáveis, apresentam uma decoração moderna, onde a dominância das cores azul e branco, remetem aos tons da náutica envolvente; um ambiente em harmonia com as águas calmas e serenas do rio, onde descansam veleiros de outros mundos.

Para além dos espaços (interiores e exteriores) que o hotel oferece - e que permitem descansar tranquilamente, há mais para usufruir na vila raiana de Alcoutim: caminhadas, visitar o castelo e/ou os monumentos megalíticos do Lavajo (Menires de Lavajo I e Menires de Lavajo II), dar um mergulho na praia fluvial do Pego Fundo, fazer um passeio de barco no rio... etc., etc.

E se a vontade quiser e o desejo apetecer, é só embarcar num dos táxis fluviais, ancorados no cais da vila, e ir até Sanlúcar de Guadiana: a pitoresca vila do outro lado do rio, onde se podem degustar umas tapas e beber "una caña", a contemplar o pôr do sol...

Pelo silêncio, pela paz, pela tranquilidade e pelo pequeno-almoço maravilhoso (cujo cardápio é da responsabilidade da nutricionista Marta Simões), recomenda-se, vivamente, uma estadia neste hotel.

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O "pão do Rogil"

As férias na Costa Vicentina começam (quase sempre) a comprar pão no Rogil - o "Pão do Rogil".
Depois de provar o pão de alfarroba, fiquei fã. Costumo torrá-lo, pois fica leve e estaladiço, e pronto a comer com queijo de cabra fresco (alentejano, de preferência). Este ano não resisti, também, a uns bolinhos de miolo de amêndoa, divinais. Por vezes, o pecado da gula é mais forte, e lá se vai a "dieta" sem acúcar... Pequenos delitos, totalmente aceitáveis, em tempo de férias.

Porém, não se fala apenas de pão, quando mencionamos a expressão: "pão do Rogil" - uma padaria de família, desde 1965; nessa altura, a farinha utilizada, no fabrico de um pão macio de côdea estaladiça, era obtida a partir da moagem do trigo no moinho do Rogil -, ali se fabricam, também, diversos produtos de pastelaria: bolinhos, broas, bolachas e biscoitos à base de batata doce de Aljezur, azeite, mel e frutos secos variados; tudo feito à mão e cozido em forno de lenha. Produtos criativos, de sabores (às vezes) exóticos, sem nunca esquecer os sabores tradicionais. 

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Nota: ao lado da padaria/pastelaria do " Pão do Rogil" existe um espaço museológico, onde podem ser apreciados, entre outros elementos, alguns dos mais antigos utensílios da padaria, da família Claro.

 

 

 

 

 

 

 

 

Portas (da vila)

Dei-me conta, um destes dias, de estar a fotografar portas, na "vila velha" (em Mértola), enquanto caminhava por ali. A variedade de estilos e cores das ditas "aberturas" não me deixou indiferente. Umas mais antigas, outras nem por isso. 

Optei pela fotografia; outros há que preferem transferir o seu olhar para uma aguarela, um desenho a carvão, etc. Seja de que jeito for, com mais ou menos beleza, as portas sempre constituíram um elemento fundamental da estética arquitectónica; uma fronteira entre um domínio público e um domínio privado.

Em simultâneo, e enquanto os olhos observaram, a mente construiu narrativas, que a memória foi ilustrando: o tempo das conversas entre vizinhos, no poial da entrada, nas noites de verão... das mães a espreitar nos postigos, enquanto a criançada brincava às escondidas, nos becos... das velhotas na soleira, à espera de um bom dia... verdadeiras molduras, de quadros cada dia menos realistas; testemunhos de relações sociais saudáveis; resquícios de outra época - a do tempo do convívio ao ar livre (sem redes sociais, nem videojogos). 
Uma miragem, nos tempos atuais, que os mais saudosistas vão recordando...
 

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Uma ode ao paladar

Visto do lado de fora, o restaurante Várzea: horta & bistrot (em Alzejur), não denuncia o espaço agradável do interior; o pátio, anexo à horta biológica - onde são colhidos os vegetais e legumes usados na cozinha -, com vista para o castelo, é o lugar ideal para degustar os pratos de uma cozinha de autor - o chef Luigi.
Na mesa, os pratos de barro (e restantes objetos), dão o toque de simplicidade e ar despojado; tudo em sintonia com o espírito descontraído, que se vive por ali. O requinte, esse ficou reservado aos sabores, que ali se podem degustar. Difícil mesmo é escolher de entre um menu variado, e apelativo, onde os legumes da horta e o peixe da costa predominam.

Optei pela Tajine da Várzea (hortaliças estufadas à moda mourisca com feijão vermelho e milho doce, acompanhada de couscous de lima); para entrada, um pica-pau do mar e o Bijoux BD - esferas estaladiças de batata doce, alheira de Mirandela e camarão, coração de queijo da serra, servidas com molho amostardado de iogurte e hortelã; as ditas são aquilo a que podemos chamar de: uma explosão de prazer gustativo. E como manda a tradição: menu completo implica uma sobremesa. Entre as hipóteses do cardápio, o "bombom de batata doce" não deixa ninguém indiferente; nem mesmo aqueles que declararam "guerra ao açúcar", como eu.
No final, uma certeza: tudo excelente, uma verdadeira ode ao sentido do paladar. Uma experiência gastronómica que recomendo a quem passe pela vila da costa vicentina.

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Nota: as deliciosas "esferas" (na imagem acima)

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No mar do SW

Gosto do Tempo sem tempo, aquele que me permite esvaziar o pensamento, quando quero; na hipnose do momento, unicamente o sonho tem permissão para invadir o meu mundo - o meu cantinho, onde só entra quem eu desejo. Ao sabor da vida, e entrelaçados, ficamos, aguardando o arco-íris... E quando um sopro de brisa, leve e suave, me acorda, sei que chegou a hora de mais um mergulho, na água fresca e viva do mar do sudoeste.

Deixar esta praia, este mar, esta costa (e toda a sua envolvente) cria-me angústia antecipada. Não quero. Não vou permitir que a mente se foque no amanhã. Prefiro concentrar-me no que tenho agora: uma quietude de espírito e um relaxamento corporal como há muito não tinha; uma experiência (só) possível na praia onde o tempo esculpiu a mais bela das arribas.

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Outro meu olhar sobre o mar do SW: 

https://youtu.be/ayHyWzJfpP4

 

(Na) Praia do Amado

É nesta praia, entre mergulhos e leitura, que gosto de passar parte das férias, na costa vicentina. Aqui usufruo do verdadeiro, do natural, do (quase) selvagem sudoeste de Portugal: paisagens verdejantes, nos vales entre dunas, e falésias escarpadas, com vista deslumbrante para o mar.
Quando avisto a praia do Amado, lamento (sempre) não saber surfar. Um pensamento vindo a propósito, ou não estivesse na praia do vaivém, constante, das pranchas de surf e bodyboard... E dos terreiros com carrinhas pão-de-forma e caravanas, onde os mais descontraídos pernoitam, para dar tréguas aos corpos cansados, da luta contra o gigante azul de águas frias e revoltas.

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