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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

O "homem das castanhas"

Foi sempre assim que lhe ouvi chamar, desde o tempo de infância. Era recorrente, no outono, a professora Nazaré (a minha professora da primária) pedir um texto - uma redação - alusivo ao tema. Não sei se este costume se mantém, mas o homem das castanhas continua a brindar-nos com o seu pregão: "quentes e boas". Um pregão que atravessou gerações.
Pessoalmente, gosto do cheiro da castanha assada e do ritual que lhe está associado: a destreza das mãos que enrolam o "cartucho" de papel, o fumo que se mistura com o nevoeiro dos dias e o braseiro que aquece a alma mais fria. Um quadro de cor quente, em tempo frio.

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Ervas daninhas ou plantas comestíveis?

É outono. As ervas daninhas já invadem a beira do caminho. Provocadas pelas primeiras chuvas, irrompem entre a manta morta do pinhal, intersectam culturas, despontam aqui e acolá. Há quem as julgue inúteis e/ou prejudiciais, na medida em que competem com as demais plantas domesticadas. Outros, porém, têm opinião contrária: todos os estratos vegetais podem coexistir nos ecossistemas, sem que haja, necessariamente, atropelos ou desvantagens competitivas. Além disso, muitas das ervas daninhas são plantas perenes comestíveis. Os nossos antepassados utilizavam muitas delas, quer na alimentação, quer para fins terapêuticos/medicinais. Nesta altura do ano, o campo está pejado destas espécies. Todavia, é necessário saber identificá-las, pois há variedades tóxicas e outras venenosas.

Há dias tive o prazer de assistir a uma autêntica "aula de botânica", em pleno campo, dirigida por Stephen Barstow - o especialista mundial nesta matéria. Deixo-vos um testemunho desta aula: um exemplo prático de utilização da planta conhecida por umbigo-de-vénus (vulgarmente apelidada de chapéu-dos-telhados) - uma planta comestível, que pode constituir um excelente ingrediente de saladas verdes. Diz S. Barstow que é "tenra e crocante" apesar do "sabor ligeiramente ácido". Mais uma novidade, para acrescentar ao elenco das dicas de alimentação naturalista.

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(Nome comum: Umbigo-de-vénus)

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(Nome comum: Acelga selvagem)

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(Nome comum: Salva brava) 


Nota: https://www.cm-mertola.pt/municipio/comunicacao-municipal/noticias/item/2816-stephen-barstow-e-as-plantas-perenes-comestiveis-do-vale-do-guadiana

 

 

 

 

 

 

 

Caminhando (no campo)

No campo: ouço o murmúrio do vento, escuto as melodias dos pássaros, respiro os perfumes da floresta. Todos os sentidos estão alerta quando caminho no campo; mas é no coração da floresta, que as emoções se adensam. Reconhecer em cada planta o palpitar da Vida, constatar em cada rochedo o relógio do Tempo. Caminhar no campo permite-nos ouvir e falar com a Mãe-natureza: brindar com ela à Vida. Além de constituir uma terapia (natural) para alcançar bem-estar físico e mental, é uma forma saudável de combater a maior epidemia social do século: o stress.

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O outono e eu

Hoje senti o outono. Vi-lhe o rosto: macilento e triste; tinha ar desgrenhado. Acenou-me pela manhã, bem cedo. Um pouco tímido, ainda. Trazia melancolia no olhar e uma réstia de esperança nas palavras. Acolheu-se no meu regaço. Pela primeira vez, em muito tempo, senti que se resignava e me obedecia. Sem lamúrias, chegou e ficou. Aceitei, finalmente, a sua presença. Deste modo, e longe da nostalgia, sua companheira, pode desfrutar do momento e apreciar o que a Vida tem para lhe oferecer. Sabe bem acordar e sentir que o outono é nosso amigo.

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O refúgio

Já passou um ano. Contudo, continuo a recordar, com saudade, o meu refúgio em Campolide: a minha "casinha". É desta forma que aludo àquela que foi o meu "cantinho" - na recente e breve passagem por Lisboa. Um lugar onde fui feliz. Recordo a chegada, mas nunca esquecerei o dia da partida: um carro cheio de tralha e uma alma vazia. Quando a cidade se tornava minha cúmplice, quis o destino que me afastasse. Foi difícil deixar aquela cápsula espacial. Ali, sentia-me protegida do olhar do mundo. A minha identidade era respeitada. Sem intromissões (nem julgamentos) de terceiros, a vida foi acontecendo de forma sã, ao sabor do tempo e do universo. Apesar da agitação da grande cidade, consegui criar os meus ritmos sem interferências externas. Hoje, posso dizer que consegui sentir a "leveza" do Ser. Cresci e ganhei defesas. Além de mais, pude aproveitar (e apreciar) o que Lisboa tem de bom: muita Cultura.

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Uma questão de Atitude

"Admiro-a. Foi uma mulher corajosa (...)". Extrato de uma conversa, entre amigas, que me inspirou, e serviu de mote para o texto que se segue.

 

 

Não há pessoas boas, nem pessoas más. Há pessoas com atitude. Mas o que é a atitude? Aquilo que nos distingue dos demais - a nossa identidade. O nosso cunho, a nossa marca. Saber o que queremos e como desejamos Caminhar - ainda que às vezes o caminho seja sinuoso e tenha pedregulhos. A premissa é: não desistir; não termos receio de arriscar e de nos afirmarmos. A vontade e o querer (os nossos objetivos ) devem ser o foco da nossa mente. Deixar de lado o "será que... ?", "e se...?", .... Viver no mundo dos "se" provoca angústia e ansiedade. Ansiedade gera mau-estar emocional e físico. Contrariar a tendência do conformismo e do nada fazer é, desde logo, sinal de atitude.
Tenhamos Atitude, sem nunca esquecer o lado prático e simples das coisas. Esse é o caminho, para uma vida feliz e tranquila.

"Sou professora, logo sou rica"

Considerando as recentes notícias, sobre os professores portugueses, permito-me deduzir: "sou professora, logo sou rica". Sobre o assunto só me ocorre dizer: tenho carro porque o comprei; tenho telefone e computador portátil porque os comprei; vou almoçar e/ou jantar fora, mas pago do meu bolso; se for viajar, tenho de pagar do meu bolso, etc, etc. Tudo isto, para não falar de tantas outras "mordomias " que nós, professores, classe supostamente rica, na realidade não tem. Contrariamente, outros (dirigentes políticos e não só), têm tudo isto a "custo zero". É justo? Não se trata de justiça, mas sim de coerência nos atos e nas críticas efetuadas a quem, semelhantemente, tem cargos e responsabilidades no seu trabalho. Assim, parece-me desajustada, e sem qualquer fundamento, a eterna "desculpa" de que os cargos políticos, pela responsabilidade inerente, exigem/permitem determinadas regalias. Isso sim, julgo ser uma afronta e uma verdadeira injustiça para quem, diariamente, tem a seu cargo crianças e jovens para Educar - "holisticamente" falando, claro.
Por isso pergunto: a luta dos professores é injusta? Porquê? Porque exigem igualdade e equidade no que aos seus direitos alude? Não me parece que haja injustiça. Dizer que o "país aposta na educação", mas não ter consideração pelos professores, classe co-responsável pelo sucesso dessa educação, é, no mínimo, insultar pessoas. Somos (também) pais, avós, tios, primos, amigos... Em suma: somos pessoas com obrigações, mas também com direitos, liberdades e garantias. Somos cidadãos (como tantos outros profissionais), respeitem-nos por favor.

O "pão do Rogil"

As férias na Costa Vicentina começam (quase sempre) a comprar pão no Rogil - o "Pão do Rogil".
Depois de provar o pão de alfarroba, fiquei fã. Costumo torrá-lo, pois fica leve e estaladiço, e pronto a comer com queijo de cabra fresco (alentejano, de preferência). Este ano não resisti, também, a uns bolinhos de miolo de amêndoa, divinais. Por vezes, o pecado da gula é mais forte, e lá se vai a "dieta" sem acúcar... Pequenos delitos, totalmente aceitáveis, em tempo de férias.

Porém, não se fala apenas de pão, quando mencionamos a expressão: "pão do Rogil" - uma padaria de família, desde 1965; nessa altura, a farinha utilizada, no fabrico de um pão macio de côdea estaladiça, era obtida a partir da moagem do trigo no moinho do Rogil -, ali se fabricam, também, diversos produtos de pastelaria: bolinhos, broas, bolachas e biscoitos à base de batata doce de Aljezur, azeite, mel e frutos secos variados; tudo feito à mão e cozido em forno de lenha. Produtos criativos, de sabores (às vezes) exóticos, sem nunca esquecer os sabores tradicionais. 

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Nota: ao lado da padaria/pastelaria do " Pão do Rogil" existe um espaço museológico, onde podem ser apreciados, entre outros elementos, alguns dos mais antigos utensílios da padaria, da família Claro.

 

 

 

 

 

 

 

 

Solidão vs companhia

Há quem considere que o "isolamento social" é "preditor de pior saúde", havendo, inclusive, estudos científicos que correlacionam a saúde (e a recuperação em caso de doença) com o tipo de relação afetiva e/ou social que o indivíduo possui. Em suma, o nível de satisfação emocional, subjacente às relações afetivas que temos, poderá ter consequências (positivas ou negativas) na nossa saúde? Parece que sim. Segundo os dados, quem vive só terá mais dificuldades de recuperação e estará mais predisposto a determinadas doenças. Ao ler um artigo, alusivo ao tema em questão, lembrei-me de um velho ditado a que a minha avó materna (frequentemente) aludia: "Filha, mais vale só que mal acompanhada". Realmente, se considerarmos as falsas amizades que proliferam nas redes sociais e algumas relações (conjugais e não só) doentias, creio que a minha avó tinha toda a razão deste mundo. Se a solidão é má, o que dizer da hipocrisia e da falsidade que nos rodeiam? Venha o Diabo e escolha...

Viver o momento

O que vale antecipar angústias, premeditar o futuro?
Tudo o que existe é o momento. Todo o momento é passado e é futuro. Viver no presente é viver inteiramente. Qualquer projeção futura ou nostalgia de outrora traz à mente desassossego e intranquilidade. Deixar a vida acontecer (para o bem e/ou para o mal) sem sofrer por antecipação, e ter por companhia as pessoas certas, é viver com prazer e sem necessidade de obediência ao rebanho. Pôr de lado o que nos provoca desconforto e/ou mau-estar. Eliminar as pedras do caminho e caminhar ao sabor do universo...