Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Como pássaro ferido

A lua espreita no horizonte,

No ar o aroma exótico do jasmim

Transporta os perfumes da noite.

 

Na varanda sobranceira,

Entre almofadas de chita,

Recosto-me nas memórias, que me embalam a alma.

 

Enrolada em sonhos, sinto-me frágil.

E como pássaro ferido,

Que plana entre as nuvens do desejo,

Procuro abrigo noutros instantes, breves, mas felizes.

Como um rio...

Corres,

Veloz, como um rio sem margens.

Esculpindo as pedras do caminho

Corres,

Porque o tempo é teu.

 

Enquanto corres,

Navego nas águas revoltas.

Às vezes à deriva,

Outras detendo-me nas enseadas, onde o sol acalenta a esperança.

 

E quando o passado me empurra,

Rumo ao mar da Saudade,

Resisto e ancoro-me a Ti.

 

.

 

A viagem

Deslizando, sob um céu com nuvens,
Na planície silenciosa, segue o comboio…
Cada passageiro um rosto,
Cada rosto, um semblante…
Viajando por dentro do comboio, vislumbro, nos olhos de quem está, sonhos de outras
Viagens: do casal apaixonado, do soldado solitário, da dama de óculos escuros… rostos únicos, imagens efémeras, que estimulam o meu imaginário...
E enquanto a viagem prossegue e o tempo se esgota nos rostos que vão,
Permaneço sonhando, com outras viagens dentro de mim…

 

À deriva

És pedra perdida, pisada,

Na calçada da vida.

Carregas na alma a angústia dos dias,

No peito a escuridão das noites.

Rolando à deriva,

Deixas-te levar, na enxurrada da maldade.

E quando a tempestade serenar,

Serás mais uma pedra arrancada da rua da conformação.

Pensamento viajante

272.JPG

 

Do cimo da duna

Um sopro de luz avisto,

Visão mágica, que me transporta para lá do momento.

 

Devaneio de sonhos vividos, sentidos,

Perdidos, de vontades ocultas.

Uma ausência na presença, um querer e não sentir,

Luz fugaz no inverno dos meus dias.

 

Do cimo da duna,

Um sopro de magia

Agita o pensamento viajante do meu Ser.

 

E no crepúsculo do momento,

Entre um ir e um voltar,

Sinto a primavera renascer.

 

 

Encontro

164.JPG

Daqui

Recordando, voando parti!

Sobre este mar cantando,

As gotas salgadas no corpo entranhando.

Sobre este mar me guiando,

Pelo sorriso mágico dos teus olhos.

E sorrindo cantando chego até Ti,

Contra o gigante salgado lutando.

 

 

Nota: a foto foi tirada em Monte Clérigo, na Costa Vicentina (um lugar muito especial para mim).

 

(Ode) ao pescador

1076.JPG

 

O que vejo para além deste rio e para além destas águas?

Escarpas agrestes, esculpidas da Terra

Entes de alma, gritos perdidos na imensidão da noite.

Corpos cansados, de angústia feitos, remando lá vão

Sob o céu trovejante, clamando o pão, vidas perdidas e gastas no tempo.

Leva-me contigo, pescador!

E sobre as águas calmas da tarde, deixa-me ir beijando a natureza... até onde a vida me quiser.

 

 

Do vazio do tempo e da alma

banco.jpg

Olhar vazio,

Perdido na memória do tempo.

No banco solitário, vive o silêncio do nada e de tudo.

Um calafrio gela-lhe a alma. Recua. O vazio do depois assusta-lhe o Ser.

Por entre as lágrimas da solidão sente a alma envolver-se na tranquilidade que paira sobre o lago. Chora baixinho, enquanto o coração lhe salta do peito.

Contraria a emoção e avança no pensamento. Afinal nada mais existe - para além do Agora e de um corpo ávido de amor. O horizonte? É incerto e nada vale.