A caminho da ribeira
Chego à aldeia, quase ao entardecer. O silêncio quebra-se quando atravesso o casario, em direção à ribeira: um cão que ladra vem ao meu encontro; dirijo-lhe meia dúzia de palavras e um gesto de afeição. Nada temo do velho animal, cansado da mudez dos dias...
Prossigo a caminhada, sentindo em comunhão o corpo e a mente, enquanto inalo os aromas do campo. No pinhal, a voz do vento sussurra-me ao ouvido uma melodia que evoca saudade... No lado oposto, o pio de uma ave desfoca-me o pensamento. Fico atenta; perscruto angústia naquele canto. Um pouco mais à frente, um coelho saltita no pasto ressequido, para logo desaparecer, por entre as estevas da berma do caminho... Ando mais um pouco, até o sol se esconder atrás do monte.
A caminho da ribeira... sinto-me una com a mãe-Natureza e inundada de uma paz única, que se vivencia nos campos do Alentejo.