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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

A casa verde

Desço a encosta, em direção à praia, e ali está a casa verde - a "casa do escritor", um retiro envolto em magia (e mistério), que habita o meu imaginário, desde a primeira vez que a avistei. Ali vive alguém especial. Penso. É um homem livre, mas solitário, que todos os dias, ao final da tarde, desce ao areal e caminha na praia deserta, até o sol se pôr para lá do oceano. À noite, no corpo entranhado de maresia, sente ausência e desejo; desejo reprimido, contido, ignorado tantas e tantas vezes. Sofre na escuridão dos dias e das noites, fazendo da escrita o seu refúgio de angústias.
Quando a lua espreita, por entre as dunas, o corpo cede ao desejo e juntos dançam, ao som das ondas, uma dança de corpos sequiosos do tempo de espera. Enquanto dançam, sob o olhar das estrelas, há uma áurea de esperança no seu olhar que logo se apaga, quando o luar se esvanece e a aurora irrompe. O regresso trá-lo de volta à realidade: a solidão, na velha casa da arriba; o lugar onde um dia desejou viver a paixão de uma vida.
Foi assim, desde a primeira vez que a vi, que sempre fantasiei a casa verde da costa vicentina. Um sonho que ontem se desvaneceu, quando me abeirei da mesma. O desmazelo no pátio deixou-me, posso dizer, desiludida. Talvez triste, seja a palavra mais certa. Afinal, a casa do meu imaginário, não passa de um albergue de verão, pouco cuidado. Que pena!

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