A menina e o mar
No ar um bando de gaivotas orquestra melodias em círculo, o sol beija-lhe a pele e a brisa refresca-lhe o rosto húmido dos dias. Tem a alma contida numa nuvem de sonhos, no peito uma mão cheia de afetos, mas continua Ela mesma: a menina de sorriso fácil e olhar profundo. Sempre que o tempo lhe permite é ali que regressa para contemplar o mar - seu companheiro de horas esquecidas. Repousa o corpo na areia morna da praia e o pensamento na cartilha da Vida. Constrói sonhos, aventuras, viagens... recosta-se na memória e deixa-se levar como folha caída. Voa, livre, sem rumo nem coordenadas, até onde o desejo a levar. Só ela mesma e o pensamento que a transporta para lá desse mar. Enquanto bebe o silêncio e a paz do momento, sente na boca o travo amargo da saudade, mas continua fiel a si mesma, olhando o mundo pelo filtro do perdão, do amor e do carinho. Não dá conta do tempo passar... No horizonte o sol faz-lhe adeus e sussurra-lhe ao ouvido uma canção de esperança: ama-te, renova-te, porque o amanhã não tarda e será breve e incerto.