Cacela Velha, ontem e hoje
A publicidade (excessiva) desvirtua o que é natural e genuíno: o turismo de massas chegou a Cacela Velha. Ontem, fiquei (um pouco) desencantada com a ambiência daquela que já foi uma aldeia mística, uma pérola no sotavento algarvio. Ali comi: as melhores ostras e o melhor arroz de lingueirão. Fui cliente pioneira do restaurante Casa Velha, no tempo em que o Senhor Joaquim recebia os comensais como amigos e familiares. Porque a relação de proximidade, assim o permitia. Naquele tempo, a esplanada (exígua) do restaurante, limitava-se a meia dúzia de mesas, dispostas na ruela inclinada, junto à buganvília púrpura.
Hoje, apercebi-me, pela primeira vez, que as multidões chegaram ali, trazendo ruído e confusão à outrora tranquila Cacela. O silêncio nas ruas deu lugar à música, por vezes incomodativa, que polui o ambiente e retira encanto aos lugares. O bar Azul, deixou de ser um lugar de tranquilidade, quase meditativa, para se transformar num loundge - onde se vende água de coco (no próprio fruto), repleto de "tias", que ostentam as últimas tendências da moda de verão.
Enfim, consequências da massificação dos destinos turísticos.