Ericeira (o regresso)
Voltei (antes do tempo)! Mais cedo do que porventura imaginei. Estou de volta à “terra dos ouriços”. Mal cheguei (pousadas as malas) e foi tempo de reavivar memórias, constatar mudanças (ou não). Perceber a passagem dos anos.
Ericeira (vista parcial)
Afinal, o azul da Ericeira lá estava nas floreiras, nas barras das casas e das fontes. Há mais esplanadas em ruelas escondidas. Agradáveis (parecem-me) e onde apetece ficar a tagarelar com amigos ou simplesmente a olhar o nada.
Depois de um passeio a pé pelos recantos da pequena e pitoresca vila acabo a tarde numa esplanada da praia da Baleia, a aproveitar o sol magnífico desta primavera envergonhada. Ali permaneço a observar a imensidão do mar. As ondas, de um azul intenso, arrebatam a areia e tecem com ela novelas de conchas e outros seres marinhos…
Casa Típica
Entrada Discoteca Ouriço
No regresso ao hotel ainda tenho tempo para apreciar a montra da boutique da Tia Lau, uma simpática senhora que, enquanto me mostra umas peças de roupa, me vai explicando que gosta muito do “meu” Alentejo onde tem amigos. A roupa da Tia Lau faz lembrar os dias de praia, as noites de verão. Uma perdição de cores, texturas e modelos. Atrativa e atrevida (diria). Trouxe comigo umas peças para anunciar o verão (já).
À noite, enquanto caminho calmamente pela rua, na montra de uma pequena galeria de arte, uma escultura representando uma figura humana capta-me a atenção por breves instantes. Entro. O dono (suponho), um homem simpático e eloquente, explica-me na perfeição a origem das peças expostas. Observo e questiono acerca do artista responsável pela maioria das obras. Artur Varela. Responde-me o galerista. Um alentejano (de Almodôvar). Apesar do interesse, agradeço e saio à procura de um restaurante que me sirva um bom peixe como se exige numa terra do litoral.
Acabo no Mar D´Areia, um restaurante junto à Praça da República (no centro da vila) onde o peixe, muito fresco, ainda cheira a mar. Boa escolha. Pensei.
Restaurante Mar D'Areia
Na manhã seguinte, no café Central (há quase sempre um café Central em todo o lado), enquanto beberico um café, tranquilamente, vou-me entretendo a observar os movimentos matinais dos que por ali passam. Imagino histórias, questiono origens. E fico com a certeza de que a Ericeira está mais jovem, mais azul, mais atrativa.
Saio (em direção a norte) mas ainda tenho tempo para dar uma espreitadela à praia de Ribeira D´Ilhas. Do miradouro sobranceiro avisto um grupo de surfistas que desafia as ondas em piruetas múltiplas. São eles que, num rodopio constante, dão mais vida e mais cor à Ericeira. São parte dela.
Praça da República