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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Nas "Montanhas do Fogo"

A primeira vez que aterrei nas ilhas Canárias – em Fuerteventura – tive a sensação de estar algures no norte de África. Desde o clima à paisagem tudo lembra o continente vizinho. As praias de areia branca são raras. Tive a sorte de estar numa dessas praias maravilhosas (Jandia Playa) que integra os roteiros mundiais do windsurf. A estadia  para relax total (em regime tudo pago) acabou confinada à praia e pouco mais.

Numa segunda visita (ao citado arquipélago) optei por Lanzarote, conhecida por "Hawai da Europa". Tinha curiosidade em conhecer a ilha que acolheu durante vários anos o “nosso” nobel da literatura. Ali senti-me verdadeiramente turista. A capital, Arrecife, localizada na zona leste da ilha, é uma cidade incaraterística. Uma cidade vocacionada para o turismo de massas, igual a muitas outras. Foi preciso viajar pela ilha, contatar diretamente com a natureza para perceber a dinâmica local. Quem viaja para Lanzarote deve optar por locais mais afastados da capital se quiser conhecer o ambiente natural e socioeconómico. Adorei a zona norte da ilha. Ali a natureza está menos intervencionada pelo Homem. É (para mim) a parte mais bonita da ilha. Há pequenas vilas junto ao litoral com restaurantes e alojamentos magníficos. Além disso, a paisagem natural do norte é mais bonita e não tem os inconvenientes do turismo massificado. Há mais tranquilidade e sossego.

 

 

Uma das saídas (em carro alugado) com partida de Puerto del Carmen, quase permitiu a travessia da ilha. O destino: parque nacional de Timanfaya, também conhecido por “Montanhas do Fogo”. Uma autêntica "paisagem lunar". Uma paisagem mais inóspita mas nem por isso menos bonita. Um mundo gigantesco de lava e piroclastos. A visão é de tal forma arrebatadora que nos faz sentir vulneráveis. Pequenos (diria). Sentimo-nos parte do Todo mas não podemos Nada. Ali sente-se o pulsar do Planeta. O castanho e o ocre com laivos amarelados dos líquenes (que por ali proliferam) são os tons caraterísticos da paisagem. A vida que desponta, aqui e acolá, é ainda muito escassa e débil. A sucessão (ecológica) ainda “agora” começou. Da comunidade de seres vivos (organismos pioneiros) destacam-se os líquenes, os insetos e os aracnídeos. Aquilo a que chamamos pouca biodiversidade devido às condições ambientais ainda bastante adversas. Só o tempo ditará o futuro daquele deserto de lava.

 

 Parque Nacional de Timanfaya

 

A costa Teguise é outra zona que vale a pena visitar. Pelas praias e pela paisagem natural envolvente. Aqui destaco os Jameos del Agua (a norte) uma espécie de gruta natural. Um canhão (tubo) de lava cujo teto desabou originando uma abertura circular através da qual entra a luz do sol e que permite o acesso ao interior. Aí, lagunas de água transparente albergam uma espécie (endémica) de minúsculos caranguejos albinos e cegos, cuja origem se desconhece. No local há bar e restaurante e ainda um grande auditório para eventos culturais. Um local que merece uma visita. Antes ainda houve tempo para uma visita rápida ao Jardim dos Catos. Um espaço em forma de anfiteatro onde se podem ver dezenas de espécies de catos oriundos de todo o mundo. Magnífico para quem gosta destas plantas.

 

 Jardim dos Catos

 

 Jameos del Agua

 

 

Nota: a visita ao núcleo central de Timanfaya só pode ser efetuada de autocarro, a partir do Centro de Interpretação Ambiental do parque. Uma visita que recomendo, vivamente, a quem vá a Lanzarote.