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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Para lá dos montes...

(...) Onde o horizonte rasga a paisagem, há um mundo desconhecido que fascina. Cenários que os olhos imaginam e a mente vê: uma forma de invocar o incógnito por via do momento. Um momento (único) que o entardecer traz consigo; o tempo em que o sol diz adeus ao dia e cumprimenta a lua. Tempo em que o silêncio e a tranquilidade reinantes trazem magia ao instante.

Um quadro bucólico, onde a esperança e o sonho prevalecem, aliviando os dissabores do dia. Longe de tudo e de todos. Só eu e o rio construindo sonhos de desejos ocultos... porque “todos temos um segredo fechado à chave nas águas-furtadas da alma”.

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Nos dias de ausência(s)

Dias longos… cinzentos… vazios! Dias sem a luz da amizade e do carinho. Como hoje, domingo de Páscoa. Um dia que se desejava de paz e amor na presença, foi mais um dia de “solidão” imposta. Um dia de privação: sem as gargalhadas sonoras dos netos e sem os abraços dos mais queridos. Dias em que, para compensar as ausências, procuro no seio da natureza o prazer de múltiplas sensações: nas cores e cheiro das flores, no zumbido das abelhas, no canto das aves… Uma alquimia de encantos diversos, cuja magia me invade e me faz querer que: “Vai ficar tudo bem!”. E, porque existe a crença de um amanhã melhor, vivo na esperança dos dias luminosos, dos dias de sorrisos longos e sonhos risonhos. Dias em que um simples “Bom dia!” faz a diferença. Em suma, dias em que, mesmo ausente na multidão, sinto o palpitar do burgo no vaivém do tempo.

 

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(Flores de rosmaninho)

Ao meio-dia na aldeia

Atravesso a peneplanície, sob um calor abrasador. À hora combinada chego à aldeia. No largo (único), uma carrinha, em jeito de mercearia ambulante. Cumprimento os presentes e pergunto onde se situa a sociedade recreativa. Dizem que é logo ali, ao lado. Estaciono o carro e instalo-me na sombra do telheiro defronte à porta. Numa mesa, quatro homens jogam à carta; outros dois, mais recuados, vão tecendo comentários avulso. Num pinheiro, junto ao casario, uma rola turca canta; no pátio, onde me encontro, um cão, de língua de fora, vai farejando por ali. Eu, sentada num banco junto à porta, fico observando e sendo observada; atenta e descontraída, a vivenciar toda aquela ruralidade, que tanto me apraz. Sons e diálogos familiares, que me transportam para outro tempo. E mais uma vez a saudade se instala, trazendo ao presente memórias, únicas e inesquecíveis. Reprimo a lágrima que intenta formar-se. Desvio o pensamento e concentro-me no quadro que os meus olhos veem: uma imagem onde a genuinidade, das gentes e dos sítios, se impõe. Uma autenticidade que (ainda) se sente e se vive em lugares recônditos deste concelho (e deste país).

(Na) Taberna do Adro

Dia cinzento: as nuvens teimam em se afirmar e esconder o sol. Apesar do ar invernoso, a temperatura está amena e convida a sair de casa, para mais uma incursão gastronómica de fim‑de‑semana. Desta vez a opção recai na Taberna do Adro, em Vila Fernando (Elvas) - por recomendação de amigos.
Sigo em direção à pequena vila alentejana. O alvo casario, de chaminés "gigantes", chama a atenção do visitante. Há uma pacatez única no ambiente de ruas desertas. Como ponto de referência: a igreja; procuro o campanário. Ali mesmo ao lado está a Taberna do Adro, o recanto onde me aguarda uma refeição plena de criatividade e genuinidade: galinha caseira tostada - uma das especialidades da casa. Opto pela recomendação. A dose, bem recheada, vem acompanhada de migas diversas (de batata, de tomate e de couve-flor). De entrada um pastelão

(espécie de tortilha de batata) pimentos em conserva e tiras de tiborna (um casamento de sabores perfeito). Para sobremesa, e para fazer jus à máxima : "em Roma sê romano", sericaia com ameixas de Elvas.
Um ambiente confortável, com uma decoração muito original e uma refeição de excelência, digna de referência, a um preço convidativo (15 € por pessoa, incluído o café - este acompanhado de uma ginjinha, cortesia da casa) num ambiente confortável, de decoração original, e com simpatia no atendimento. Bom e recomendável.

Nota: a seguir pode sempre visitar o Forte da Graça (património da humanidade), em Elvas, uma construção digna do título que ostenta.

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Nevoeiro de outono

Gosto do nevoeiro matinal que anuncia a chegada do sol. Na sua presença, o campo fica mais sereno e a vida acorda mais cedo. Delicadas gotas de orvalho acariciam teias de aranha e adornam os caules moribundos dos dias longos. Mas logo que o sol despertar, desvanecer-se-ão, discretas, para alimentar de vida as plantas que cobrem o chão da planície.
Há outra vivência no Alentejo quando os dias se encurtam e o nevoeiro se instala. É a vida outonal, a despontar em cada recanto.

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O cantinho ideal para um café...

Em pleno largo, a olhar o rio, na "loja da Marta" (como é conhecido entre amigos) encontrei o cantinho ideal para um café comigo mesma; um espaço para aqueles dias em que apetece estar no Agora, sem (muitas) interferências externas.

Um espaço acolhedor, com toque de personalidade: Alemcante (em Mértola) - a "minha" coffee shop do momento.

 

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Ervas daninhas ou plantas comestíveis?

É outono. As ervas daninhas já invadem a beira do caminho. Provocadas pelas primeiras chuvas, irrompem entre a manta morta do pinhal, intersectam culturas, despontam aqui e acolá. Há quem as julgue inúteis e/ou prejudiciais, na medida em que competem com as demais plantas domesticadas. Outros, porém, têm opinião contrária: todos os estratos vegetais podem coexistir nos ecossistemas, sem que haja, necessariamente, atropelos ou desvantagens competitivas. Além disso, muitas das ervas daninhas são plantas perenes comestíveis. Os nossos antepassados utilizavam muitas delas, quer na alimentação, quer para fins terapêuticos/medicinais. Nesta altura do ano, o campo está pejado destas espécies. Todavia, é necessário saber identificá-las, pois há variedades tóxicas e outras venenosas.

Há dias tive o prazer de assistir a uma autêntica "aula de botânica", em pleno campo, dirigida por Stephen Barstow - o especialista mundial nesta matéria. Deixo-vos um testemunho desta aula: um exemplo prático de utilização da planta conhecida por umbigo-de-vénus (vulgarmente apelidada de chapéu-dos-telhados) - uma planta comestível, que pode constituir um excelente ingrediente de saladas verdes. Diz S. Barstow que é "tenra e crocante" apesar do "sabor ligeiramente ácido". Mais uma novidade, para acrescentar ao elenco das dicas de alimentação naturalista.

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(Nome comum: Umbigo-de-vénus)

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(Nome comum: Acelga selvagem)

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(Nome comum: Salva brava) 


Nota: https://www.cm-mertola.pt/municipio/comunicacao-municipal/noticias/item/2816-stephen-barstow-e-as-plantas-perenes-comestiveis-do-vale-do-guadiana

 

 

 

 

 

 

 

Caminhando (no campo)

No campo: ouço o murmúrio do vento, escuto as melodias dos pássaros, respiro os perfumes da floresta. Todos os sentidos estão alerta quando caminho no campo; mas é no coração da floresta, que as emoções se adensam. Reconhecer em cada planta o palpitar da Vida, constatar em cada rochedo o relógio do Tempo. Caminhar no campo permite-nos ouvir e falar com a Mãe-natureza: brindar com ela à Vida. Além de constituir uma terapia (natural) para alcançar bem-estar físico e mental, é uma forma saudável de combater a maior epidemia social do século: o stress.

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