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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

(Na) Taberna do Adro

Dia cinzento: as nuvens teimam em se afirmar e esconder o sol. Apesar do ar invernoso, a temperatura está amena e convida a sair de casa, para mais uma incursão gastronómica de fim‑de‑semana. Desta vez a opção recai na Taberna do Adro, em Vila Fernando (Elvas) - por recomendação de amigos.
Sigo em direção à pequena vila alentejana. O alvo casario, de chaminés "gigantes", chama a atenção do visitante. Há uma pacatez única no ambiente de ruas desertas. Como ponto de referência: a igreja; procuro o campanário. Ali mesmo ao lado está a Taberna do Adro, o recanto onde me aguarda uma refeição plena de criatividade e genuinidade: galinha caseira tostada - uma das especialidades da casa. Opto pela recomendação. A dose, bem recheada, vem acompanhada de migas diversas (de batata, de tomate e de couve-flor). De entrada um pastelão

(espécie de tortilha de batata) pimentos em conserva e tiras de tiborna (um casamento de sabores perfeito). Para sobremesa, e para fazer jus à máxima : "em Roma sê romano", sericaia com ameixas de Elvas.
Um ambiente confortável, com uma decoração muito original e uma refeição de excelência, digna de referência, a um preço convidativo (15 € por pessoa, incluído o café - este acompanhado de uma ginjinha, cortesia da casa) num ambiente confortável, de decoração original, e com simpatia no atendimento. Bom e recomendável.

Nota: a seguir pode sempre visitar o Forte da Graça (património da humanidade), em Elvas, uma construção digna do título que ostenta.

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Ervas daninhas ou plantas comestíveis?

É outono. As ervas daninhas já invadem a beira do caminho. Provocadas pelas primeiras chuvas, irrompem entre a manta morta do pinhal, intersectam culturas, despontam aqui e acolá. Há quem as julgue inúteis e/ou prejudiciais, na medida em que competem com as demais plantas domesticadas. Outros, porém, têm opinião contrária: todos os estratos vegetais podem coexistir nos ecossistemas, sem que haja, necessariamente, atropelos ou desvantagens competitivas. Além disso, muitas das ervas daninhas são plantas perenes comestíveis. Os nossos antepassados utilizavam muitas delas, quer na alimentação, quer para fins terapêuticos/medicinais. Nesta altura do ano, o campo está pejado destas espécies. Todavia, é necessário saber identificá-las, pois há variedades tóxicas e outras venenosas.

Há dias tive o prazer de assistir a uma autêntica "aula de botânica", em pleno campo, dirigida por Stephen Barstow - o especialista mundial nesta matéria. Deixo-vos um testemunho desta aula: um exemplo prático de utilização da planta conhecida por umbigo-de-vénus (vulgarmente apelidada de chapéu-dos-telhados) - uma planta comestível, que pode constituir um excelente ingrediente de saladas verdes. Diz S. Barstow que é "tenra e crocante" apesar do "sabor ligeiramente ácido". Mais uma novidade, para acrescentar ao elenco das dicas de alimentação naturalista.

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(Nome comum: Umbigo-de-vénus)

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(Nome comum: Acelga selvagem)

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(Nome comum: Salva brava) 


Nota: https://www.cm-mertola.pt/municipio/comunicacao-municipal/noticias/item/2816-stephen-barstow-e-as-plantas-perenes-comestiveis-do-vale-do-guadiana

 

 

 

 

 

 

 

O "pão do Rogil"

As férias na Costa Vicentina começam (quase sempre) a comprar pão no Rogil - o "Pão do Rogil".
Depois de provar o pão de alfarroba, fiquei fã. Costumo torrá-lo, pois fica leve e estaladiço, e pronto a comer com queijo de cabra fresco (alentejano, de preferência). Este ano não resisti, também, a uns bolinhos de miolo de amêndoa, divinais. Por vezes, o pecado da gula é mais forte, e lá se vai a "dieta" sem acúcar... Pequenos delitos, totalmente aceitáveis, em tempo de férias.

Porém, não se fala apenas de pão, quando mencionamos a expressão: "pão do Rogil" - uma padaria de família, desde 1965; nessa altura, a farinha utilizada, no fabrico de um pão macio de côdea estaladiça, era obtida a partir da moagem do trigo no moinho do Rogil -, ali se fabricam, também, diversos produtos de pastelaria: bolinhos, broas, bolachas e biscoitos à base de batata doce de Aljezur, azeite, mel e frutos secos variados; tudo feito à mão e cozido em forno de lenha. Produtos criativos, de sabores (às vezes) exóticos, sem nunca esquecer os sabores tradicionais. 

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Nota: ao lado da padaria/pastelaria do " Pão do Rogil" existe um espaço museológico, onde podem ser apreciados, entre outros elementos, alguns dos mais antigos utensílios da padaria, da família Claro.

 

 

 

 

 

 

 

 

A pastelaria francesa

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Saio de casa, rumo ao bulício da cidade. O Amoreiras Plaza espera-me. Ali, onde Lisboa mora, há um espaço renovado: o Kaiser (E. Kaiser, o artisan Boulanger), uma pastelaria francesa. Um espaço mais amplo, com mais pessoas, mais agitação, mas o ambiente acolhedor de sempre. Um sítio bonito para "beber um café comigo mesma" ou para trabalhar. Gosto de estar na esplanada! Sinto-me acompanhada, mesmo estando sozinha. Os clientes (habituais) continuam fiéis. Vejo as mesmas caras, os mesmos "quadros emocionais": o "professor de Francês", "o menino e a explicadora", os "meninos do liceu francês", os "executivos apressados", o "leitor do jornal"... De todos, "o menino e a explicadora" é aquele cuja presença me causa uma ternura imensa. Um quadro vivo, cujas "nuances" me reportam para laços familiares muitos especiais. Gosto do que vejo, e fico feliz quando constato que ensinar (ainda) é uma forma de dar e receber afetos. No ambiente do Kaiser Amoreiras sinto a Lisboa dos nossos dias: cosmopolita, agitada, impessoal, moderna e irreverente.

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Cataplanas (da costa vicentina)

 Há uma tendência – cada vez maior – para inovar na cozinha, alterando os pratos ditos tradicionais e associando/ conjugando novos produtos e sabores.

 Tal como outro tipo de “modas”, também na confeção dos alimentos o sucesso se faz (ultimamente) à custa de uma cada vez maior criatividade do chef de serviço.

 Comi (há poucos dias) uma “cataplana de polvo com batata-doce, camarão e amêijoas” - no restaurante Sítio do Forno, Carrapateira - que merece destaque. A conjugação dos sabores resulta na perfeição. Apesar do sucesso (segundo o proprietário do restaurante), há pessoas que franzem o nariz quando se fala em “batata-doce e peixe”.

 Outra maravilha gastronómica merecedora de registo: "catapalna de peixe da costa" do restaurante O Paulo, na Arrifana. O tempero na conta certa, mantendo inalterados o sabor do peixe e do marisco super frescos.

 Com ou sem a dita raiz, as cataplanas da costa vicentina são verdadeiros manjares dos deuses. Peixe e marisco frescos da costa (rochosa) conferem-lhes um sabor intenso e único.

 Aprovadas (e a provar): “cataplana de polvo com batata-doce” do restaurante Sítio do Forno (Praia do Amado, Carrapateira) e “Cataplana de peixe da costa” do restaurante O Paulo (Arrifana, Aljezur).

 Ambas excelentes! Para além da vista panorâmica, sobre o mar, que ambos os restaurantes proporcionam.

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Entomofagia: a alimentação do futuro!?

 Já pensou o que seria uma refeição à base de insetos? Uma refeição entomófaga, melhor dizendo. Sim, leu bem. Este género de alimentação é recente - pelo menos entre nós, os europeus. Uma questão de hábito, ou melhor, uma questão cultural. 

 De qualquer modo, e segundo notícias recentes, “cerca de 2 mil milhões de pessoas consomem insetos diariamente.” Além disso, “a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) incentiva ao aumento do consumo deste alimento invulgar.”[1]

 Se considerarmos alguns insetos – os herbívoros, por exemplo – é de supor que os mesmos sejam um alimento altamente nutritivo e saudável. Isto, naturalmente, de acordo com alguns dos princípios de alimentação e nutrição.

Efetivamente, tratando-se de seres vivos, mais não são do que um complexo conjunto de biomoléculas - proteínas, lípidos, glúcidos, vitaminas e sais minerais – à semelhança de outros, dos quais nos alimentamos.

 Se me perguntam: intenta comer? Sinceramente, não sei! Atendendo à forma anatómica de alguns, e tendo em atenção que o nosso cérebro é fortemente influenciável pelas imagens que capta, sendo forçada a comer, provavelmente, sentir-me-ia mais confortável a comer gafanhotos, do que a comer larvas de um inseto qualquer. Aliás, e como referem os entendidos na matéria, “os insetos para consumo humano “têm que ser produzidos por especialistas na área” e devidamente tratados de modo a tornar o seu aspeto "mais apelativo".

 Seja como for, qualquer dia a moda pega e nós estamos a comer, quiçá, paté de lagarta ou gafanhotos de escabeche.

 

 

 

[1]  In Silva, F. B. (junho de 2015) A proteína do futuro. SV, p. 200.

Túberas - as "trufas alentejanas" (?)

 Falar de túberas é o mesmo que falar de trufas? Eu julgo que sim. Aliás, creio que as túberas são uma variedade de “trufas brancas”. Há, até, quem lhes chame as “trufas alentejanas. Seja como for, as túberas são fungos, comestíveis, de forma arredondada (mais ou menos irregular), com sabor e aroma intenso, que se encontram com relativa facilidade nos campos do Alentejo. Desde a época romana que as “trufas” constituem uma iguaria muito apreciada, podendo atingir preços verdadeiramente exorbitantes.

 Por aqui, no Baixo Alentejo, estamos (ainda) em plena época da “apanha da túbera”. E não, não é necessário “cães e porcos” para farejar o solo e encontrar túberas. O segredo, passado de geração em geração (e muitas vezes bem guardado), consiste na capacidade de observação do terreno e de sinais (evidentes ou não) da presença das ditas.

 Desde criança que assisto ao “ritual” da procura dos famosos fungos: um sacho para revolver a terra, um chapéu na cabeça para proteger do sol que se faz sentir nesta altura do ano, e uma dose (grande) de paciência e sabedoria, diria. Normalmente, é nos terrenos mais “moles”, segundo os entendidos, lavrados há 2/3 anos e com “mato novo” que as túberas aparecem com maior frequência. Há, inclusive, uma linguagem muito própria deste ritual. A presença de uma zona do solo soerguida, com fendas, o chamado “escarchão” é, por norma, um sinal a reter. Caso se encontre alguma túbera isolada, também, não deve abandonar-se o local, pois nas proximidades estará, diz quem sabe, um conjunto maior das ditas – a chamada “leira”.  A minha avó materna, uma expert na matéria, depois de encontrar uma túbera isolada, tinha por hábito trautear uma espécie de lengalenga que, segundo a sua crença, ajudaria a encontrar o referido conjunto: “Parceira, parceira, dá-me a tua leira!”

 Como a tradição (neste domínio) ainda é o que era, apanhar túberas continua a ser um acontecimento frequente nos campos alentejanos, sobretudo, nos meses de março e abril - às vezes mais cedo (em fevereiro) se o inverno tiver sido chuvoso. Para além do prazer da degustação de tão famosa iguaria, ir para o campo procurar túberas é uma forma saudável de conviver em família (por exemplo) em contato direto com a natureza. 

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Nota: túbera[1] – cogumelo com a parte esporífera subterrânea, em regra, comestível; trufa.

 

 

[1] in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-04-13 14:17:44]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/túberas

Restaurante Alentejo (em Moreanes)

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 Como alguém disse: “mais uma incursão gastronómica” num domingo fora de casa. Desta forma evito as rotinas culinárias, passeio no campo e (re)visito lugares carregados de sentido – as aldeias.

 Sempre achei que os pequenos povoados têm (geralmente) mais vida social durante o fim-de-semana do que a vila (sede de concelho); as relações interpessoais ganham contornos familiares; o espírito de vizinhança e de entreajuda é, normalmente, mais forte e mais efetivo nas aldeias. Há uma maior proximidade à natureza e as gentes são simples no trato e no modo de estar. E isso agrada-me. Por esses motivos (e não só) procuro nas aldeias (com alguma frequência) espaços onde comer e conviver.

 Ontem, foi a vez do restaurante Alentejo (em Moreanes). Um espaço de ambiente geral acolhedor (com lareira) onde se serve comida tradicional alentejana de qualidade; o atendimento, feito pelo Sr. Cesário, tem sempre uma nota de humor descontraído.

 No cardápio (variado) os pratos do dia aliciaram-me. Escolhi o cozido de grão (um dos meus pratos favoritos): rico de carnes e aromatizado com hortelã, acompanhado de sopas de pão abundantes em caldo do dito. Delicioso. Recomendo aos apreciadores. Para terminar: uma delícia de mel e noz.

 Depois desta refeição calórica, um passeio pelos campos envolventes – cerro do Guizo e Ermida de Nª Sra. Do Amparo. Uma forma simples e descontraída de preparar a nova semana de trabalho.

 

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No circuito arqueológico do Castro da Cola

 

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 Mais um programa “domingo fora de casa” cumprido. Como vem acontecendo desde há algum tempo, aproveito o domingo para “arejar” fora do circuito habitual. Desta forma quebro rotinas e ganho energia suficiente para nova semana de trabalho.

 Além da renovação espiritual, os passeios de domingo permitem-me fazer novas incursões na paisagem e gastronomia alentejanas. E assim vou conhecendo (e revisitando, também) recantos do Alentejo.

 Hoje foi a vez de fazer o circuito arqueológico do Castro da Cola. Aproveitando a proximidade ao restaurante com o mesmo nome, almocei ali um excelente “ensopado de borrego”. Com um ambiente geral muito agradável e um atendimento simpático, o restaurante Castro da Cola tem à disposição os mais variados pratos da cozinha tradicional portuguesa. Uma excelente opção para quem se desloque para os lados do concelho de Ourique.

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 Aproveitando a magia dos campos à volta do castro, desço até à barragem de Stª Clara, ali bem próxima, e entretenho-me a fotografar… uma forma (pessoal) de contemplar a natureza.

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NOTA:  O restaurante Castro da Cola dispõe de espaço com piscina para eventos e oferece várias atividades com marcação: passeios a cavalo, passeios de bicicleta, passeios de barco na barragem e visita ao circuito arqueológico do Castro da Cola.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na "rota dos sabores" (12)

 

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 “Vila de Frades já não tem abades mas tem adegas que são catedrais e os seus palhetes são brilharetes, são de beber e chorar por mais (…)” Parece inusitado mas vem a propósito da passagem por Vila de Frades – no sábado, para almoçar. Apesar de não ter sido aquele o mote que me levou ao País das Uvas – Adega/restaurante mas sim o desejo de voltar a degustar um dos pratos de comida regional à disposição no cardápio.

 Ali, entre talhas e mobiliário alentejano – que decoram o espaço, há simpatia no atendimento e um conselho (ou outro) para ajudar a decidir. Sempre, com a preocupação máxima de servir bem o cliente.

 Desta vez optei pelo cozido de grão: multicolorido e muito aromático, graças às folhas de hortelã fresco - acabado de colher. Sabor “leve”, apesar da abundância de carnes e variedade das mesmas. Como segundo prato: as famosas “burras”, de grande qualidade e muito bem confecionadas. Tudo, naturalmente, bem regado com um tinto da região.

 A adega/restaurante é recomendada pelo TripAdvisor e possui vários diplomas de participação em eventos de renome, além de outros certificados de reconhecimento.

 Como diz a co-proprietária: “Aqui tudo é feito com amor e carinho.” E com profissionalismo, reconhecido, desde há muito.

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Nota: recomenda-se para um almoço (ou jantar), entre amigos, com tempo, para degustar as maravilhas gastronómicas à disposição.