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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Ervas daninhas ou plantas comestíveis?

É outono. As ervas daninhas já invadem a beira do caminho. Provocadas pelas primeiras chuvas, irrompem entre a manta morta do pinhal, intersectam culturas, despontam aqui e acolá. Há quem as julgue inúteis e/ou prejudiciais, na medida em que competem com as demais plantas domesticadas. Outros, porém, têm opinião contrária: todos os estratos vegetais podem coexistir nos ecossistemas, sem que haja, necessariamente, atropelos ou desvantagens competitivas. Além disso, muitas das ervas daninhas são plantas perenes comestíveis. Os nossos antepassados utilizavam muitas delas, quer na alimentação, quer para fins terapêuticos/medicinais. Nesta altura do ano, o campo está pejado destas espécies. Todavia, é necessário saber identificá-las, pois há variedades tóxicas e outras venenosas.

Há dias tive o prazer de assistir a uma autêntica "aula de botânica", em pleno campo, dirigida por Stephen Barstow - o especialista mundial nesta matéria. Deixo-vos um testemunho desta aula: um exemplo prático de utilização da planta conhecida por umbigo-de-vénus (vulgarmente apelidada de chapéu-dos-telhados) - uma planta comestível, que pode constituir um excelente ingrediente de saladas verdes. Diz S. Barstow que é "tenra e crocante" apesar do "sabor ligeiramente ácido". Mais uma novidade, para acrescentar ao elenco das dicas de alimentação naturalista.

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(Nome comum: Umbigo-de-vénus)

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(Nome comum: Acelga selvagem)

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(Nome comum: Salva brava) 


Nota: https://www.cm-mertola.pt/municipio/comunicacao-municipal/noticias/item/2816-stephen-barstow-e-as-plantas-perenes-comestiveis-do-vale-do-guadiana

 

 

 

 

 

 

 

De novo (em) Aljezur

Chego à noitinha, depois do sol se esconder atrás dos montes. A luz fosca, iluminando o casario, confere aos espaços um leve tom dourado - bem ao jeito das mil e uma noites. Sinto magia, neste lado da vila de Aljezur: no centro histórico. Daqui avisto a ribeira e a várzea verdejante e mais além o lado movimentado, o lado de passagem para outros destinos.
Subo e desço ruelas empedradas, desertas e silenciosas, procurando recantos nunca vistos. Ando mais um pouco e desço na viela erma; o forte aroma de comida no ar deixa antever o quadro imaginário (ou real) de um lar de família. Retratos que a mente vai tirando, enquanto passeio por ali.
Depois do breve périplo - que não me canso de repetir, entro na Moagem, um Veggie Bistrô, onde encontro, nas opções do cardápio, uma alquimia de sabores vegetarianos de uma cozinha criativa e muito saborosa. Opto pelo prato dia: fofo veggie no forno com cogumelo portubello e chutney (prato composto por arroz sushi e puré de cenoura e lentilhas); tudo acompanhado por um sumo de melão com aipo e limão. A sobremesa: bolo cru de cenoura e coco. Balanço final: um passeio tranquilo e comida leve e saudável, para um jantar. Recomenda-se.

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O "pão do Rogil"

As férias na Costa Vicentina começam (quase sempre) a comprar pão no Rogil - o "Pão do Rogil".
Depois de provar o pão de alfarroba, fiquei fã. Costumo torrá-lo, pois fica leve e estaladiço, e pronto a comer com queijo de cabra fresco (alentejano, de preferência). Este ano não resisti, também, a uns bolinhos de miolo de amêndoa, divinais. Por vezes, o pecado da gula é mais forte, e lá se vai a "dieta" sem acúcar... Pequenos delitos, totalmente aceitáveis, em tempo de férias.

Porém, não se fala apenas de pão, quando mencionamos a expressão: "pão do Rogil" - uma padaria de família, desde 1965; nessa altura, a farinha utilizada, no fabrico de um pão macio de côdea estaladiça, era obtida a partir da moagem do trigo no moinho do Rogil -, ali se fabricam, também, diversos produtos de pastelaria: bolinhos, broas, bolachas e biscoitos à base de batata doce de Aljezur, azeite, mel e frutos secos variados; tudo feito à mão e cozido em forno de lenha. Produtos criativos, de sabores (às vezes) exóticos, sem nunca esquecer os sabores tradicionais. 

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Nota: ao lado da padaria/pastelaria do " Pão do Rogil" existe um espaço museológico, onde podem ser apreciados, entre outros elementos, alguns dos mais antigos utensílios da padaria, da família Claro.

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma ode ao paladar

Visto do lado de fora, o restaurante Várzea: horta & bistrot (em Alzejur), não denuncia o espaço agradável do interior; o pátio, anexo à horta biológica - onde são colhidos os vegetais e legumes usados na cozinha -, com vista para o castelo, é o lugar ideal para degustar os pratos de uma cozinha de autor - o chef Luigi.
Na mesa, os pratos de barro (e restantes objetos), dão o toque de simplicidade e ar despojado; tudo em sintonia com o espírito descontraído, que se vive por ali. O requinte, esse ficou reservado aos sabores, que ali se podem degustar. Difícil mesmo é escolher de entre um menu variado, e apelativo, onde os legumes da horta e o peixe da costa predominam.

Optei pela Tajine da Várzea (hortaliças estufadas à moda mourisca com feijão vermelho e milho doce, acompanhada de couscous de lima); para entrada, um pica-pau do mar e o Bijoux BD - esferas estaladiças de batata doce, alheira de Mirandela e camarão, coração de queijo da serra, servidas com molho amostardado de iogurte e hortelã; as ditas são aquilo a que podemos chamar de: uma explosão de prazer gustativo. E como manda a tradição: menu completo implica uma sobremesa. Entre as hipóteses do cardápio, o "bombom de batata doce" não deixa ninguém indiferente; nem mesmo aqueles que declararam "guerra ao açúcar", como eu.
No final, uma certeza: tudo excelente, uma verdadeira ode ao sentido do paladar. Uma experiência gastronómica que recomendo a quem passe pela vila da costa vicentina.

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Nota: as deliciosas "esferas" (na imagem acima)

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