Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Cheiros de outono

Não cheira a castanha assada, nem está frio, mas cheira a batata doce assada e a marmelada acabada de fazer. São cheiros de outono. Aromas que faço questão de reavivar, por esta altura do ano.
O calor que (ainda) se faz sentir transmuta os sentidos, apesar disso os hábitos e a memória não permitem que os sabores de uma vida se diluam na mudança do clima. Assim, e logo que os dias encurtam, desperta a vontade de saborear as delícias da estação: frutos secos (figos, nozes, amêndoas e castanhas) e marmelada. Uma alquimia de cheiros, que adoça a casa e os dias. 

 

Mulheres vs idade

Comentário de uma senhora septuagenária para outra (amiga ?): "Não gosto! Parece uma bata de velha." Achei curiosa aquela observação. A mesma comprova que a idade é, apenas, um número - com uma conotação subjacente.
Os tempos mudaram e hoje uma senhora de 70 anos, saudável e independente, não se considera "velha". Gostei. Daqui a duas décadas, as "cinquentonas" serão as novas "teens" - considerando que as mulheres se renderam à filosofia do "fit" e do "bio", na perspetiva de travar o envelhecimento.  

Lugares: com alma e sem ela

Começo a compreender os moradores dos centros históricos de Lisboa e do Porto. Não deve ser fácil conviver (diariamente) com o vaivém constante de turistas a entupir as ruas, os lugares de estacionamento, os supermercados e lojas. Quem disse que viver no bulício é bom? Pessoalmente, até gosto das grandes cidades, mas faz-me falta desfrutar do silêncio e da tranquilidade dos espaços. Começa a ser difícil conseguir esse estado de alma, até nos pequenos aglomerados urbanos. A essência dos lugares (a sua alma) desvanece-se perante o turismo massificado. Quem procura lugares com alma não prefere (de todo) encontrar uma multidão a deambular. Um dia (talvez, julgo) "alguém" irá parar para pensar que a publicidade em exagero desvirtua o encanto e a beleza dos lugares. Ser autêntico é ser natural. E o natural não se coaduna com exageros e/ou ambições desmedidas.

Ler é poder

Porque ler faz parte do "ritual do conhecimento abundante", este livro ajuda a melhorar o nosso auto-conhecimento. É um livro para ler e reler. Já vou na segunda leitura e sei que vou voltar a devorar cada página deste best-seller. Quando os dias estão cinzentos e a mente insiste em permanecer melancólica, está na hora de ativar estímulos positivos. Neste livro encontrei as técnicas que ajudam a permanecer no Agora, e a substituir pensamentos negativos por pensamentos positivos - aquilo a que S. Sharma designa de "pensamento oposto". Com fé no seu efeito, os princípios aqui plasmados, se aplicados durante um mês, tornar-se-ão um hábito nas nossas rotinas, permitindo alcançar: saúde, energia e felicidade.
Vale a pena ler se desejar melhorar o seu mundo interior. 

image.png

 

 

Ontem foi dia de comemorar

unnamed.jpg

O mundo sem livros seria um dia sem sol!? Talvez. Não consigo imaginar o mundo sem "literatura". Quanta falta me faz o livro da mesinha de cabeceira - o meu companheiro das noites de insónia. E quando um livro não basta, é na escrita que encontro a fórmula mágica para expulsar emoções e (re)viver momentos. Uma terapia fácil, e com resultados concretos. São as palavras (certas) que se transmitem de geração em geração - oralmente e por escrito.
Ontem, foi dia de comemorar "as palavras", que já escrevinhei aqui. Agradeço, do coração, a todos quantos contribuíram para este reconhecimento.

Manhã de outono

É sábado, de outono. O sol deu as boas-vindas logo pela manhã, aquecendo os recantos mais sombrios. Escuto silêncio na pacatez do momento. No laranjal, junto à casa, as ervas daninhas invadiram o solo: vivazes, numa luta constante pela sobrevivência, são elas que dominam no verde que invadiu os campos. No céu, pássaros audazes ensaiam danças de liberdade contagiante. Gosto de manhãs assim: soalheiras e amenas, propícias ao romancear do pensamento. Manhãs que convidam à descoberta do cintilar da vida, entre os gestos mais simples: inalar as notas do perfume da terra, enquanto beberico o primeiro café do dia.

(Sou) um cálice

Sou um grão de areia: um sobrevivente, das marés do oceano onde mergulhei. Resistente e calibrado pelas mãos do Homem e do tempo. Um subserviente que a vida testou. Já bebi do melhor néctar, já vivi o maior dos prazeres. Hoje, neste lado mais sombrio da minha existência, aguardo, resiliente, pelo inverno da vida. E porque já vivi no paraíso, guardo em mim as melhores recordações de quantos comigo privaram. Foram reis, foram plebeus, foram anjos e demónios. Foram todos aqueles que me tomaram nas mãos e cujos lábios beijei. Guardo em mim um pouco de todos numa mistura agridoce, que me alimenta a alma.

Nota : o texto que escrevi quando a formadora J. S., do workshop de Escrita Criativa, pediu aos formandos que escrevessem um texto: "imagine-se um objeto e conta a vida desse objeto" - um copo/taça exposto(a)

na Torre de Menagem do castelo de Mértola.

Nevoeiro de outono

Gosto do nevoeiro matinal que anuncia a chegada do sol. Na sua presença, o campo fica mais sereno e a vida acorda mais cedo. Delicadas gotas de orvalho acariciam teias de aranha e adornam os caules moribundos dos dias longos. Mas logo que o sol despertar, desvanecer-se-ão, discretas, para alimentar de vida as plantas que cobrem o chão da planície.
Há outra vivência no Alentejo quando os dias se encurtam e o nevoeiro se instala. É a vida outonal, a despontar em cada recanto.

image.png

 

No "outono" da vida

Parece que as estações do ano e as fases da nossa vida, em tudo se assemelham. O "outono" (uma das cinco fases da vida, de acordo com a antiga filosofia chinesa) é a estação para abrandar, para olhar mais profundamente o que nos rodeia, e aproveitar o bom dos dias, até o "inverno" chegar.
Numa sociedade cada vez mais "hiperativa", os dias correm velozes e o Tempo há muito que se adiantou no caminho; seguimos no seu encalço, sempre a julgar que lhe tomamos a dianteira. Pura ilusão. Não há forma de inverter os ponteiros do relógio, somente dispomos do mecanismo para ajustar o ritmo. É no "outono" que o ajuste se torna possível (ou não). De acordo com princípios da filosofia chinesa, no "outono" da vida o nosso Yin Yang (duas energias opostas) está em harmonia. A luta constante entre estes dois lados acalma e a sua relação torna-se mais equilibrada. Há um domínio (quase) total desta interação energética: o Yin torna-se ensolarado (torna-se Yang) e o Yang (sombrio) vira Yin - o que permite um maior controlo sobre as nossas emoções. Assim, além das estações do ano, também a nossa vida - os nossos ritmos, as nossas vivências/experiências - ocorre ao ritmo daqueles dois princípios da sabedoria chinesa.

image.png

 

 

Nota: segundo a filosofia chinesa Yin Yang são duas energias opostas em que Yin representa a luz fraca, a lua, o lado mais passivo e frio, a energia negativa; o Yang representa o sol, o lado ativo e quente, a energia positiva.

Simpatia vs Rebeldia

Gosto de um sorriso franco e de um olhar simpático.
No espectro da revolução cultural atual, aquele património "sociológico" encontra-se ameaçado. No entanto, ainda há quem faça uso diário desses testemunhos de identidade - verdadeiros cúmplices da simpatia, da bondade e da humildade.
O mundo seria mais humano e mais fraterno se: em vez da inveja se praticasse a compaixão, em vez da maledicência se agisse em prol da cooperação, em vez da revolta se praticasse a paz.
Vivemos num mundo onde se espalha o medo e o terror. Urge praticar a paz - a qual deve começar dentro de nós, pois só assim transmitiremos tranquilidade e confiança aos outros.