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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Cesteiro (na beira da estrada)

 Junto à barragem de Odeleite, ao virar da curva, os cestos e as canastras de cana, pendurados na placa indicadora, denunciam a presença do artesão.

 Decido parar e ir ao seu encontro. O dia está quente: um sol abrasador. Nas redondezas, não se vê ninguém - apenas o velho homem e os seus cestos.

 Pelo rosto, queimado do sol, escorrem gotas de suor. Entre as mãos, calejadas, as tiras de cana, ainda verdes, vão ganhando forma: debaixo do chapéu-de-sol, o cesteiro vai tecendo um cesto, e outro, e tantos quantos a idade deixar.

 Apesar de, na atualidade, esta atividade, não ser o seu principal meio de subsistência, desde jovem que aprendeu a arte da cestaria. E, hoje, quando “a construção civil não dá trabalho”, faz cestos.

 Enquanto fala, as mãos hábeis e fortes, vão puxando e repuxando as tiras de cana.

 Gosta do que faz. Diz com orgulho: “antigamente Odeleite era a terra dos cesteiros”. Todos sabiam “tecer a cana”! Nessa altura, é que “valia a pena” ser cesteiro, pois “ganhava-se dinheiro”. Semanalmente partiam da aldeia dois camiões carregados de cestos - com destino ao comboio de mercadorias, em Vila Real de Stº António.

 Nessa altura, usavam-se cestos para acondicionar quase tudo: o peixe, o marisco, a fruta, os legumes, as hortaliças, etc.

 Pouco falta para terminar o cesto “já vendido” - que servirá para “pôr as prendas de um batizado”, diz o cesteiro da beira da estrada.

Agradeço as “histórias de vida” e parto com mais um cesto - para juntar a outros, que tanto aprecio.

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NOTA: a cestaria, uma “arte” em declínio – como muitas outras – merece, julgo, o apreço de todos. Para além do trabalho que lhe está associado: apanhar as canas e prepará-las, implica, nalguns casos, problemas provocados pelo “pó das canas” e ferimentos (ligeiros) nas mãos.

Neste caso, os cesteiros têm, ainda, que transportar as canas, desde a ribeira até à estrada, o que significa subir uma encosta bastante íngreme. Considerando o preço dos cestos, o mesmo não justifica o sacrifício e o trabalho dos artesãos.