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Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Acredita(r) em ti

Abro as portadas e deixo a luz entrar. Ao fundo o verde dos montes corta o cinzento do dia. No ar a leve brisa das manhãs de inverno traz ao momento melancolia. No semblante oculto de quem passa, sinto a tristeza da ausência. Uma ausência no viver, que se entranha na alma e alimenta o vazio dos afetos.

Abraço o momento com confiança, porque a solidão, o medo e a tristeza atingem toda a gente. Se aceitar o meu caminho com todos os altos e baixos, tudo será mais fácil porque “a aventura da vida está na viagem, nunca na chegada”.

Há sempre um amanhã melhor quando a mente quer e o corpo não cede ao desalento. É fácil? Não. Nem tem que ser. Exige coragem e a “coragem exige prática”. Por vezes basta abraçar novos desafios acreditando nos nossos talentos. Nunca é demasiado tarde para acreditar no que verdadeiramente sabemos fazer. Dá trabalho? Sim. Mas todo o trabalho tem vantagens e desvantagens. E mais: acreditar em nós é o primeiro passo para o sucesso. Escutar a nossa própria sabedoria é o primeiro passo para o auto-conhecimento e daí o trampolim para ultrapassar obstáculos e vencer desafios. E como alguém disse: “Quando visitares o vale das sombras, não vás de mãos vazias.”, agarra as boas recordações e faz delas a tua reserva para períodos difíceis da vida. Como este que vivemos, hoje.

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Solidão vs companhia

Há quem considere que o "isolamento social" é "preditor de pior saúde", havendo, inclusive, estudos científicos que correlacionam a saúde (e a recuperação em caso de doença) com o tipo de relação afetiva e/ou social que o indivíduo possui. Em suma, o nível de satisfação emocional, subjacente às relações afetivas que temos, poderá ter consequências (positivas ou negativas) na nossa saúde? Parece que sim. Segundo os dados, quem vive só terá mais dificuldades de recuperação e estará mais predisposto a determinadas doenças. Ao ler um artigo, alusivo ao tema em questão, lembrei-me de um velho ditado a que a minha avó materna (frequentemente) aludia: "Filha, mais vale só que mal acompanhada". Realmente, se considerarmos as falsas amizades que proliferam nas redes sociais e algumas relações (conjugais e não só) doentias, creio que a minha avó tinha toda a razão deste mundo. Se a solidão é má, o que dizer da hipocrisia e da falsidade que nos rodeiam? Venha o Diabo e escolha...

Sós (no meio da multidão)

Sentada numa esplanada do bairro, uma idosa “coquete”; cabelos louros, óculos de sol de tamanho XXL, olha em redor. Enquanto bebe um café e fuma um cigarro, vai contemplando o espaço e as gentes, com todo o tempo que a vida lhe quiser dar. Parece-me tranquila, mas triste. Estará só? Viverá sozinha? Terá família e/ou amigos?

Na mesa ao lado, um homem jovem e bonito bebe o café apressadamente. Olhar inquieto, lunático, até. Sorve o café, acende um cigarro e apressa-se a sair. Mais uma vítima do frenesim da cidade. Julgo. No passeio lateral, dois idosos que se cruzam, cumprimentam-se. Talvez sejam vizinhos. Uma vizinhança pouco enraizada, superficial no trato e nos gestos. Relações débeis e temporárias, na maioria das vezes, que não se coadunam com amizade e solidariedade. Laços frouxos de um ambiente impessoal.

Tantos rostos à minha volta e nada me dizem. Desgastados pelo tempo e com ar triste, deambulam pelas ruas da cidade.

São cada vez mais as pessoas que vivem sozinhas. Ou por vontade própria ou por imposição de qualquer índole, a solidão, no sentido da ausência de companhia, tomou conta da vida de muita gente.

Frequentemente, a ausência de convívio interpares, no próprio local de trabalho, agrava a situação. Ou se trabalha por objetivos e há que cumprir dentro do prazo estabelecido, ou a correria diária devido aos horários e afazeres é de tal modo intensa que não deixa margem para descomprimir. Resultado: movemo-nos na “multidão” mas vivemos à margem da mesma. Diria antes: sós (no meio da multidão).

 

 

Do vazio do tempo e da alma

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Olhar vazio,

Perdido na memória do tempo.

No banco solitário, vive o silêncio do nada e de tudo.

Um calafrio gela-lhe a alma. Recua. O vazio do depois assusta-lhe o Ser.

Por entre as lágrimas da solidão sente a alma envolver-se na tranquilidade que paira sobre o lago. Chora baixinho, enquanto o coração lhe salta do peito.

Contraria a emoção e avança no pensamento. Afinal nada mais existe - para além do Agora e de um corpo ávido de amor. O horizonte? É incerto e nada vale.