Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Escrita ao Luar

Um blog de “escrita” sensitiva e intimista sobre (quase) tudo... e com destaque para: viagens, ambientes inspiradores e gastronomia.

Túberas - as "trufas alentejanas" (?)

 Falar de túberas é o mesmo que falar de trufas? Eu julgo que sim. Aliás, creio que as túberas são uma variedade de “trufas brancas”. Há, até, quem lhes chame as “trufas alentejanas. Seja como for, as túberas são fungos, comestíveis, de forma arredondada (mais ou menos irregular), com sabor e aroma intenso, que se encontram com relativa facilidade nos campos do Alentejo. Desde a época romana que as “trufas” constituem uma iguaria muito apreciada, podendo atingir preços verdadeiramente exorbitantes.

 Por aqui, no Baixo Alentejo, estamos (ainda) em plena época da “apanha da túbera”. E não, não é necessário “cães e porcos” para farejar o solo e encontrar túberas. O segredo, passado de geração em geração (e muitas vezes bem guardado), consiste na capacidade de observação do terreno e de sinais (evidentes ou não) da presença das ditas.

 Desde criança que assisto ao “ritual” da procura dos famosos fungos: um sacho para revolver a terra, um chapéu na cabeça para proteger do sol que se faz sentir nesta altura do ano, e uma dose (grande) de paciência e sabedoria, diria. Normalmente, é nos terrenos mais “moles”, segundo os entendidos, lavrados há 2/3 anos e com “mato novo” que as túberas aparecem com maior frequência. Há, inclusive, uma linguagem muito própria deste ritual. A presença de uma zona do solo soerguida, com fendas, o chamado “escarchão” é, por norma, um sinal a reter. Caso se encontre alguma túbera isolada, também, não deve abandonar-se o local, pois nas proximidades estará, diz quem sabe, um conjunto maior das ditas – a chamada “leira”.  A minha avó materna, uma expert na matéria, depois de encontrar uma túbera isolada, tinha por hábito trautear uma espécie de lengalenga que, segundo a sua crença, ajudaria a encontrar o referido conjunto: “Parceira, parceira, dá-me a tua leira!”

 Como a tradição (neste domínio) ainda é o que era, apanhar túberas continua a ser um acontecimento frequente nos campos alentejanos, sobretudo, nos meses de março e abril - às vezes mais cedo (em fevereiro) se o inverno tiver sido chuvoso. Para além do prazer da degustação de tão famosa iguaria, ir para o campo procurar túberas é uma forma saudável de conviver em família (por exemplo) em contato direto com a natureza. 

Um Gonçalo.jpg

dois gonçalo.jpg 

fotografia (2).JPG

 

Nota: túbera[1] – cogumelo com a parte esporífera subterrânea, em regra, comestível; trufa.

 

 

[1] in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-04-13 14:17:44]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/túberas

5 comentários

Comentar post