Viajar “sem rumo”…
A paixão de viajar sem rumo (certo) começa a instalar-se. Durante vários anos viajei com programas pré determinados. O gosto de quem concebia os “pacotes de viagem” impunha-se. Eu, como qualquer outro viajante, apenas tinha de selecionar (entre centenas de programas) aquele que, à partida, satisfazia os meus desejos.
Lembro-me das viagens intercontinentais em que a hora do voo exigia (quase sempre) que madrugasse para ter tempo suficiente para cumprir as formalidades no aeroporto. Apesar do entusiasmo associado ao ato de viajar, a chegada ao destino (oito, dez ou mais horas depois) ficava marcada por um enorme cansaço. Lembro-me da viagem à Costa Rica: um voo de quase treze horas (com escala de uma hora na Guatemala) depois de um voo entre Sevilha e Madrid (aeroporto de saída) e uma viagem de duas horas e meia de carro desde casa. O cansaço à chegada era de tal ordem que caí (literalmente) de rastos no aeroporto de San José enquanto aguardava a chegada da bagagem. Valeu a pena o ”sacrifício”? Sem dúvida que valeu. Mas se puder selecionar os voos, o hotel, o meu itinerário no destino, as visitas a efetuar, etc… sem dúvida que prefiro. A liberdade de ação é outra e compensa sempre, sobretudo, em termos monetários.
Via Pau-Zaragoza
Montes Vascos
Hoje, caso viaje de avião, escolho o horário que mais me convém e só madrugo se for mesmo necessário. A liberdade de horários é uma vantagem das viagens “à la carte”. Por outro lado, mesmo que opte por viajar de avião, só o faço para chegar mais depressa ao país ou à região e/ou cidade selecionada. Uma vez no destino eleito, alugo um carro e escolho o percurso/destino que mais me agrada. Depois, paro quando quero, quando necessito, onde me apetece e onde valha a pena parar. Às vezes o itinerário é pensado da noite para o dia seguinte, bem como o alojamento. Para isso serve o tablet e os mapas atualizados que me acompanham.
Neste tipo de viagem apenas tenho em conta: o local de destino, o “limite orçamental” e o tempo para concretizar a aventura. Tudo pensado à medida do interesse e gosto pessoal. De resto, uma boa dose de sorte e disposição plena para disfrutar ao máximo…
Pirinéus (via Pau-Zaragoza)
Neste género de férias, as viagens são uma descoberta do princípio ao fim. Em cada dia, em cada hora, há uma novidade agradável. Uma paisagem que surpreende pela rara beleza, uma cidade que cativa pelo património que detém, um restaurante que nos marca o paladar, um momento bom que fica na memória por algum motivo…
Vista panorâmica a partir do Château de Cadillac (Cadillac-Sur-Garonne)